Série de Sermões em Marcos Passagem: Marcos 15:33 Título: Trevas no Calvário - A Ira de Deus na Crucificação Pregado na manhã de Domingo, do dia 12 de agosto de 2012, na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria, por Gustavo Barros |
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Marcos 15:33 E houve trevas sobre toda a terra, do meio dia às três horas da tarde.
Introdução:
Uma simples pesquisa sobre os ‘best selling’ livros cristãos e podemos ver o que o povo tanto gosta de ouvir: As 5 Linguagens do Amor, ‘O Céu é Real’ ou ‘Ida e Volta ao Céu’; 3) ‘Uma Vida/Igreja com Propósito’; 4) ‘Fazer Amor’; 5) ‘Mentes Tranquilas, Almas Felizes’
Não é de se estranhar que quando Rob Bell escreveu o livro ‘Love Wins’ (o amor vence) – no qual ele defende a salvação de todos e rejeita a ira de Deus – ele se tornou o mais vendido. A ira de Deus é um assunto rejeitado e odiado por muitos – principalmente dentro da igreja. Assim podemos entender porque o livro de Jonathan Edwards, ‘Pecadores nas Mãos de um Deus Irado’, jamais se torna um ‘best seller’.
Muitos cristãos professos parecem considerar a ira de Deus como uma coisa pela qual eles precisam pedir desculpas, ou, pelo menos, parece que gostariam que não existisse tal coisa. As pessoas rejeitam esse atributo perfeito de Deus, pois muitas pessoas não conhecem o Deus da Bíblia.
Um estudo na concordância mostrará que há mais referências nas Escrituras à indignação, à cólera e à ira de Deus, do que ao Seu amor e ternura. Por quê? Pois a Bíblia enfatiza de forma sem igual a santidade de Deus. Deus é santo. Ele é separado, diferente, perfeito, é o que O faz diferente e distinto de tudo e todos. Nenhum outro atributo de Deus é repetido três vezes, apenas a santidade: santo, santo, santo!
“A santidade é o atributo mais fundamental de Deus. É a coisa mais importante para se saber sobre Ele... Sua santidade define os outros atributos. Nós tememos a ira de Deus, pois ela é uma ira santa e nós admiramos Seu amor, pois é um amor santo.” (William Farley, Gospel-Powered Parenting, P&R, pg 73)
É essa santidade e perfeição que fazem do pecado algo tão repugnante e merecedor de todo julgamento perante Deus. “A Sua santidade O provoca a odiar o pecado e a amar o que é bom.” (William Farley, pg 78)
Quando a infinita santidade (bondade, perfeição) colide com a infinita pecaminosidade / rebeldia/injustiça, ira é o resultado natural da batida. A ira de Deus para com o pecado deve existir para que haja um Deus totalmente santo e puro.
A IRA DE DEU É DIFERENTE DA DO HOMEM: Muitas vezes temos dificuldade em entender a ira de Deus, pois usamos como padrão a ira do homem. A ira do homem é pecaminosa, flui de egoísmo e não traz a justiça de Deus. A ira de Deus não é uma ‘explosão’ de nervosismo e raiva para com algo que O irritou. A ira de Deus não é uma reação pecaminosa como a nossa.
“A ira de Deus nunca é pecaminosa. Pelo contrário, é uma expressão da sua perfeita santidade. É uma perfeição moral de Deus [assim como Seu amor]. É um aspecto importante da Sua glória.” (William Farley, pg 79)
“Pois bem, a ira de Deus é uma perfeição divina tanto como a sua fidelidade, o Seu poder
ou a Sua misericórdia. Só pode ser assim, pois não há mácula alguma, nem o mais
ligeiro defeito no caráter de Deus, porém, haveria, se Nele não houvesse "ira"! Como poderia Aquele que é a soma de todas as excelências olhar com igual satisfação para a virtude e o vício, para a sabedoria e a tolice? Como poderia Aquele que é infinitamente santo ficar indiferente ao pecado e negar-Se a manifestar a Sua "severidade" (Rm.11:22) para com ele? Como poderia Aquele que só tem prazer no que é puro e nobre, deixar de detestar e de odiar o que é impuro e vil? A própria natureza de Deus faz do inferno uma necessidade tão real, um requisito tão imperativo e eterno como o céu o é. Não somente não há imperfeição nenhuma em Deus, mas também não há Nele uma perfeição que seja menos perfeita do que outra.” (Arthur Pink)
“A questão que fica não é, ‘Como pode Deus ser amoroso e irado ao mesmo tempo?’. Ao invés disso, a questão deve ser, ‘Como poderia Deu ser bom – infinitamente bondoso como a Bíblia O descreve – e não sentir intenso ódio para com o pecado e o mal?’ O pecado destrói tudo o que ele toca. Destrói a glória de Deus. Corrompe família. Deturpa a felicidade verdadeira. Divide igreja [famílias]. É como um veneno de rato... Como poderia Deus ser eternamente bom/santo e ser apático para com o pecado ao mesmo tempo? Bondade infinita deve odiar agressivamente tudo que destrói a verdadeira felicidade. Deus está irado com a fonte de todo sofrimento e dor – o pecado – e devemos ser gratos por isso.” (William Farley, pg 79)
Arthur Pink no seu livro, Os Atributos de Deus, diz, “A ira de Deus é uma perfeição do caráter divino sobre a qual precisamos meditar com frequência.” (Arthur Pink)
A IRA DE DEUS E A CRUZ:
É na cruz de Cristo, na crucificação de Jesus que Deus revela de forma única a Sua santidade e consequentemente Sua ira e furor para com o pecado. Não há nenhum outro lugar na história da humanidade onde Deus revela a Sua ira, Seu furor e indignação para o pecado como no Calvário! Dr. Martin Lloyd Jones disse, “O que a cruz nos proclama é que Deus odeia o pecado.”
“Nunca Deus havia manifestado Sua ira para com o pecado como na morte do Seu Filho Amado.” (Jonathan Edwards)
Gólgota é o megafone de Deus proclamando a todos o Seu ódio para com o pecado e como Sua ira se manifesta contra toda impiedade e injustiça.
Hoje seguiremos o conselho do grande teólogo Arthur Pink e meditaremos na ira de Deus derramada no Calvário!
Contextualização:
Nós chegamos ao ápice da história da redenção, a hora que Deus morreu na cruz pelo Seu povo. Se a crucificação de Jesus é a coroa do estudo de toda teologia, então podemos dizer que os versículos 33-39 do capítulo 15 de Marcos são os diamantes (as jóias) dessa coroa.
Essa é a cena final da morte de Jesus. E durante esse acontecimento Marcos narra cinco eventos extraordinários e dignos de toda a nossa atenção: 1) a Escuridão; 2) o Grito de Jesus; 3) o Último Brado de Jesus; 4) o Rasgar da Cortina; 5) a Conversão do Centurião.
Cada um desses eventos é um tesouro de riqueza que precisa ser examinado com calma e cuidado.
Hoje estudaremos o que significou as trevas que caíram sobre a terra durante a crucificação de Jesus.
“Deve existir um grande ensino nessas trevas; pois quando nos aproximamos da cruz, que é o centro da história, cada evento está repleto de significado. Luz saltará dessas trevas. Amo sentir a solenidade das três horas de sombras de morte, assentar-me ali e meditar, sem nenhuma companhia, exceto o Augusto/Venerável Sofredor, em cujo redor desceram as trevas.” (Spurgeon, As Três Horas de Trevas)
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