terça-feira, 3 de abril de 2012

2 – CREIO EM JESUS CRISTO - Parte 1

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Et in Jesum Christum, Filium ejus unicum, Dominum nostrum; qui conceptus est de Spiritu Sancto, natus ex Maria virgine; passus sub Pontio Pilato, crucifixus, mortuus, et sepultus; descendit ad inferna; tertia die resurrexit a mortuis; ascendit ad coelos; sedet ad dexteram Dei Patris omnipotentis; inde venturus (est) judicare vivos et mortuos.
Και (εις) `Ιησουν Χριστον, υίον αυτου τον μονογενη, τον κύριον ήμων, τον συλληφθέντα εκ πνεύματοσ άγίου, γεννηθέντα εκ Μαρίας της παρθένου, παθόντα επι Ποντίου Πιλάτου, σταυρωθέντα, θανόντα, και ταφέντα, κατελθόντα εις τα κατώτατα, τη τρίτη `ημέρα `αναστάντα `απο των νεκρων, `ανελθόντα εις τους ουρανούς, καθεζόμενον εν δεξια θεου πατρος παντο δυνάμου, εκειθεν ερχόμενον κρϊναι ζωντας και νεκρούς.
O Credo Apostólico passa agora para a proclamação da crença em Jesus! Após confessar em primeiro lugar a crença em um único Deus todo poderoso agora proclama a crença em Jesus. O Credo Apostólico professa a divindade de Jesus e a Sua unidade com o Deus Pai!
A – “CREIO EM JESUS CRISTO
A segunda pessoa do conteúdo da nossa fé é o Filho de Deus, Jesus. Assim como nós cremos em Deus, nós também cremos em Jesus – Deus Pai e Jesus são o mesmo Deus!
OBSERVAÇÕES INTRODUTÓRIAS:
1 - Ao professarmos nossa crença em Deus nós nos separamos de muitas filosofias e religiões que negam que um Deus todo poderoso e soberano foi o responsável pela criação do mundo. Agora, com a segunda confissão (em Jesus), o Credo se separa por completo do judaísmo e do islamismo!
2 – A confissão sobre Jesus fica no centro e é a mais longa de todo o credo – mostrando que Jesus é o centro da fé cristã!
3 - Em dias em que muitos alegam ser cristãos e alegam crer em Jesus, é importante esclarecermos em que Jesus nós cremos!
Que Jesus é esse que nós cremos?
JESUSἸησοῦς – Esse é o nome pessoal dele. Na antiguidade os nomes eram de extrema importância – o ‘nome’ é realmente importante, pois é com o nome dado que a pessoa será conhecida. Podemos ver na Bíblia como o nome estava relacionado ao caráter ou evento importante. O ‘nome’ de Deus representa o Seu caráter. Orar no nome de Jesus significa orar de acordo com o caráter de Jesus. Portanto, o nome é muito importante. O nome de alguém já lhe traz pensamentos positivos ou negativos – pois fala do caráter e ações dessa pessoa.
O nome Jesus significa ‘o Senhor é salvação’. Essa é a forma grega para o hebraico do nome Josué. Essa declaração identifica Jesus com uma pessoa histórica, ele não é um fantasma e nem uma invenção.
O nome não foi invenção de homem, mas Deus já havia determinado! Mateus 1:21 Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.
Jesus – o Senhor é salvação = Josué. Enquanto o Josué do AT providenciou um descanso físico e temporário, o Josué do NT traz um descanso perfeito, pois é eterno e espiritual (Hb 4)!
CRISTOΧριστός / Messias (heb.)– Nas culturas judaica e grega as pessoas eram conhecidas por um único nome. Não havia o costume de usar o sobrenome ou outro nome [ex. Platão, Aristóteles, Sócrates, Jeremias, Isaias, Amós...], diferente dos romanos que usavam mais de um nome [Júlio César, João Marcos, Sergio Paulo]. Alguns nomes foram mudados como o caso de Abraão, Jacó e Pedro. Outros nomes receberam o oficio exercido pela pessoa – João Batista; Simão Curtidor (At 10:6); Simão Zelote – e esse padrão que foi adotado para Jesus – Jesus Cristo. Portanto, Cristo não é o sobrenome de Jesus, mas quem e o que Ele era. ‘Cristo’ é o título e ofício de Jesus. É esse título que identifica Jesus com o rei e salvador enviado por Deus.
Muito mais que apenas um homem na história da humanidade (Jesus de Nazaré), Ele é o Messias, o Ungido de Deus que veio para libertar e restaurar o povo de Deus - o tão esperado salvador! Ele é o Ungido de Deus e o Libertador do povo de Deus!
Mt 16:13-17 13 Chegando Jesus à região de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: "Quem os homens dizem que o Filho do homem é?" 14 Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas". 15 "E vocês?", perguntou ele. "Quem vocês dizem que eu sou?" 16 Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". 17 Respondeu Jesus: "Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus.”
Esse título fala também que Jesus é o cumprimento da esperança proclamada no Antigo Testamento. Ele cumpriu as promessas e os três importantes ministérios do A.T. [Munus Triplex]: 1) Profeta – proclamando a vontade e as palavras de Deus; 2) Rei – o grande líder do povo de Deus e total governo; 3) Sacerdote – o intermediador e intercessor entre homem e Deus!
O título de Messias engloba outros títulos:
1 O Servo Sofredor que levaria em seu corpo os pecados do Seu povo (profetizado por Isaias); 2 O Filho do Homem que ascenderia a direita do Ancião dos Dias para receber todo poder e autoridade (profetizado por Daniel); 3 – O Filho de Davi que restauraria o reinado do verdadeiro Israel de Deus.
Podemos concluir que o título Cristo é repleto de significados e muito rico em importância para a igreja! Quão exclusivo e quão majestoso é para a igreja chamar aquele homem da Galiléia – Jesus – de Cristo!
B – “CREIO EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO
Ele é sim o filho de Maria, mas muito além dessa verdade Ele é o único Filho de Deus! O filho de Maria é a segunda pessoa da Trindade! Ele é o Messias, pois Ele é o Filho de Deus!
ÚNICO --- o sentido é de sui generis. Não houve, não há e nem haverá ninguém como Ele! Ele é único! Ele é incomparável. Em João 1:14 e 3:16 – a palavra usada é μονογενής – único, um tipo só.
FILHO --- contendo toda a essência do Pai! Ninguém possuiu e nem possuirá a característica de Jesus como Filho de Deus!
Nós, como filhos, fomos adotados mediante a fé na obra de Jesus. Jesus é filho, pois a natureza dEle é constituída da divindade do Pai. A declaração feita pelo próprio Jesus – de que Ele era o Filho de Deus – aumentou o ódio dos judeus por Jesus [Jo 10:30,36;Mc 14:61].
Jesus é o único Filho de Deus no sentido de herdar a divindade do Deus Pai. Não há filho como Ele. Nós somos filhos de Deus – pela fé, mas mesmo sendo adotados nós não somos como Jesus.
Ele é único – Hb 1:3 O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa (NVI) / O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa (ACF)
Na primeira parte nós declaramos, “Creio em Deus Pai” - agora fica claro que só podemos receber adoção quando temos fé no único Filho!
C – “CREIO EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR
O Filho é o Senhor! Algumas pessoas poderiam alegar que já que Jesus é o filho então Ele é inferior, mas o credo já logo declara que o Filho é o Senhor!
Assim como Deus é YHWH [o Senhor], Jesus é declarado como SENHOR!
SENHOR – hebraico אֲדֹנָי /'Adonay grego κύριος/ kyrios [César era chamado de kyrios]
Há algum tempo surgiu um ensino que dizia que as pessoas podiam ter Jesus como salvador, mas não como senhor de suas vidas. Esses pregadores com medo de escandalizar com a verdade do Evangelho diziam que a primeira decisão é a do não-crente - em aceitar a Jesus como salvador e só depois tê-lo como senhor - afirmando que há cristãos que passam a vida inteira sem ter Jesus como senhor. Mas isso é uma grande mentira!
Em nenhum lugar a Bíblia fala para alguém fazer de Jesus o Senhor. A Bíblia declara que Ele é Senhor (At 2:36; Rm 14:9; Fp 2:11). O que a Bíblia ordena é que as pessoas se prostrem diante dEle em arrependimento e o adorem em obediência pela fé.
Se Jesus é o Deus filho, nosso co-criador, e é também o Cristo, o ungido rei e salvador, que ressuscitou da morte e hoje reina, então ele tem o direito de governar as nossas vidas, e nós não temos o direito de resistir o Seu reinado.” (J.I. Packer, Growing in Christ, Crossway, pg 41)
O SENHORIO DE JESUS FALA SOBRE:
1 – Quando chamamos Jesus de Senhor estamos reconhecendo que Ele é Deus! Chamar Jesus de Senhor é chamar Jesus de Deus!
2 – O senhorio de Jesus fala sobre a Sua soberania! Ele é o Senhor do sábado – autoridade total sobre a lei. Soberania e domínio sobre todo o mundo. Fala sobre o reinado de Jesus.
3 – Fala da posição do cristão diante de Jesus – o cristão é escravo de Cristo. Se há um senhor, então deve haver um escravo!
Como escravos de Cristo, nós devemos ter toda a nossa vida focada na vontade do nosso Senhor!
Quando cristãos cantam ou confessam ‘Jesus é Senhor’, nós estamos afirmando Sua supremacia absoluta não apenas sobre o universo físico e moral, e não só sobre a história da humanidade, não só sobre todos os seres humanos, ou apenas sobre a igreja, mas também sobre nossas próprias vidas como escravos dispostos a obedecer. O ponto simples e crucial disso tudo é que as duas palavras ‘Senhor’ e ‘escravo’ são correlativas. Isto é, elas formam um par, comparável com as palavras ‘raio’ e ‘trovão’.” (Harris, Slave of Christ, pg. 90).
Escravos = sem vontade, sem liberdade, propriedade de alguém, pertencente a alguém, totalmente preso à vontade do seu senhor, totalmente dependente do seu senhor!
Fp 2:5-11 5 Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, 6 que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; 7 mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. 8 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! 9 Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.
Qualquer mensagem que apresente um salvador que seja menos que do que o Senhor de todos, não pode reivindicar ser o evangelho segundo Jesus.” (John MacArthur, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Fiel, pg 283)
D – “CREIO EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR, O QUAL FOI CONCEBIDO POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO; NASCEU DA VIRGEM MARIA
Agora o Credo Apostólico começa a descrever a vida de Jesus.
Essa afirmação declara a total humanidade de Jesus.
Enquanto as primeiras declarações falam sobre a divindade de Jesus, agora o Credo passa a falar de Sua humanidade.
O nascimento de Jesus é de extrema importância, pois afirma que Jesus nasceu como homem. O nascimento fala da humanidade de Jesus. Apesar de ser totalmente divino Ele foi totalmente humano. Há algumas décadas o nascimento virginal recebeu grandes ataques de teólogos liberais. Na busca por um cristianismo sem milagres, muitos passaram a negar o nascimento virginal.
HERESIAS:
O gnosticismo rejeitava a ideia de que Jesus teve sua divindade em corpo humano, pois os gnósticos viam o corpo [matéria] como algo pecaminoso. Para alguns gnósticos a divindade só veio por meio do Espírito no batismo, enquanto outros defendiam a ideia de que Jesus nunca havia tido um corpo verdadeiro, mas apenas uma aparência.
Temos também o docetismo que era muito parecido com o gnosticismo e cria que Jesus não teve corpo humano.
Com o Renascimento [iluminismo e racionalismo] veio também uma busca para combater os milagres da Bíblia – e o nascimento virginal foi fortemente atacado.
Lc 1:30-35 30 Mas o anjo lhe disse: "Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! 31 Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. 32 Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, 33 e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim". 34 Perguntou Maria ao anjo: "Como acontecerá isso, se sou virgem?" 35 O anjo respondeu: "O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus; Mt 1:20 Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: "José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo.
Esses dois relatos mostram que o nascimento virginal de Jesus é um fato histórico e não uma ‘mitologia’ – como Rudolf Bultmann declarou!
Qualquer um que afirma que o nascimento virginal pode ser descartado mesmo com a divindade de Cristo sendo afirmada é desonesto intelectualmente ou incompetente teologicamente. Os cristãos devem encarar o fato de que uma negação do nascimento virginal é uma negação de Jesus como o Cristo. O Salvador que morreu por nossos pecados foi ninguém menos que o bebê que foi concebido do Espírito Santo, e nasceu de uma virgem. O nascimento virginal não está sozinho como uma doutrina bíblica, é uma parte irredutível da revelação bíblica sobre a pessoa e a obra de Jesus Cristo. Com ele, o Evangelho fica em pé ou cai.” (Al Mohler - http://www.crosswalk.com/news/al-mohler/can-a-christian-deny-the-virgin-birth-1236993.html)
POR QUE UM NASCIMENTO VIRGINAL?
1 – Enfatiza uma obra divina. Só Deus, por meio do Espírito Santo, poderia fazer esse milagre.
2 – Somente uma pessoa que NÃO havia nascido no pecado poderia salvar a humanidade do pecado. O nascimento virgem mostra que Jesus não herdou a natureza pecaminosa. E ao mesmo tempo Ele era homem e Deus.
3 – Cumprir a Palavra de Deus [Isaias 7:14]. O Messias era uma figura humana e divina. O nascimento virginal proporciona essa realidade – totalmente Deus e totalmente homem!
Ele necessitava da mãe para nascer totalmente humano [e não do pai] e precisava ser gerado por meio da obra de Deus para nascer totalmente santo.

“Se o nascimento virginal de Jesus é uma mentira, então a história de Jesus sofre imensas alterações. Nós teríamos uma jovem que foi sexualmente promíscua mentindo sobre a mão milagrosa de Deus no nascimento de seu filho, criando e educando aquele filho para crer e declarar que ele era Deus, e mais tarde ela se juntaria a religião daquele homem. Se Maria não é nada mais do que uma vigarista, então nem ela e nem seu filho Jesus devem ser confiados.” (Mark Driscoll - The Supremacy of Christ in a Postmodern World, 136)

VIRGEN MARIA [Maria virgine]:
Mariologia = Trata da doutrina de Maria. Esses estudos sobre Maria não abordam só a Palavra de Deus, mas também tradições de homens. Os grandes ensinamentos da mariologia são:
1) A concepção imaculada de Maria: um dos grandes focos é a doutrina da perpétua virgindade de Maria – ensinam que ela nasceu sem o pecado original;
2) A virgindade perpétua de Maria, mas a Bíblia claramente ensina que Jesus teve outros irmãos (Mt 13:54-56);
3) A exaltação de Maria – Maria foi levada ao céu com seu corpo e alma e se tornou a Rainha do Céus;
4) Maria é co-redentora e co-mediadora com Cristo – o papa Léo em 1891 declarou que, ‘ninguém pode se aproximar de Cristo exceto através da Mãe’.
Mater Dei – Alegam que Maria deve ser adorada por ser a mãe de Deus.
Mariolatria = Todos esses falsos ensinos levam à Mariolatria – que trata da adoração da Maria. Os católicos colocaram Maria em um lugar muito acima do que a Bíblia coloca.
Veja o que Jesus diz sobre Maria: Lucas 11:27-28 e Marcos 3:31-35
O foco do credo não está em exaltar Maria – com certeza ela foi uma mulher excepcional e tremendamente abençoada, mas a preocupação do credo é exaltar a Jesus e reforçar o ensino sobre a sua encarnação!