sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Marcos 16:1-8 - Jesus: O Aterrorizante, Espantoso e Majestoso Filho de Deus!

Série de Sermões em Marcos
Passagem: Marcos 16:1-8
Título: Jesus - O Aterrorizante, Espantoso e Majestoso Filho de Deus!
Pregado na manhã de domingo, do dia 23 de setembro de 2012,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Gustavo Barros

Versão em vídeo

Marcos 16:1-8 1 Quando terminou o sábado, Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago, compraram especiarias aromáticas para ungir o corpo de Jesus. 2 No primeiro dia da semana, bem cedo, ao nascer do sol, elas se dirigiram ao sepulcro, 3 perguntando umas às outras: "Quem removerá para nós a pedra da entrada do sepulcro?" 4 Mas, quando foram verificar, viram que a pedra, que era muito grande, havia sido removida. 5 Entrando no sepulcro, viram um jovem vestido de roupas brancas assentado à direita, e ficaram amedrontadas. 6 "Não tenham medo", disse ele. "Vocês estão procurando Jesus, o Nazareno, que foi crucificado. Ele ressuscitou! Não está aqui. Vejam o lugar onde o haviam posto. 7 [Mas] Vão e digam aos discípulos dele e a Pedro: ‘Ele está indo adiante de vocês para a Galiléia. Lá vocês o verão, como ele lhes disse’ ". 8 Tremendo e assustadas, as mulheres saíram e fugiram do sepulcro. E não disseram nada a ninguém, porque estavam amedrontadas.

Introdução:
Desde que eu comecei a servir na área que o meu Senhor me chamou, pregando e ensinando a Palavra, sempre fui comprometido com a leitura, explicação e aplicação de toda a Escritura (Ne 8:8 Leram o Livro da Lei de Deus, interpretando-o e explicando-o, a fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido; I Tm 4:13 Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino)! Meu compromisso é com cada capítulo, cada versículo e cada palavra do texto estudado, pois eu tenho a convicção e a certeza de que a Palavra de Deus é inerrante, confiável e infalível! É essa convicção que me faz pregar todas as palavras da Bíblia a cada domingo. Mas a triste realidade que encontramos é que muitos pregadores e pastores hoje não creem mais na infabilidade, inerrância e veracidade de toda a Escritura. Por isso as pregações não são expositivas e, ao invés da Palavra de Deus, muitos pregadores falam sobre livros, filmes e outros assuntos seculares. É interessante que desde o começo da humanidade o ataque principal de satanás está na veracidade e confiabilidade da Palavra de Deus (Gn 3:1 –‘Foi isso mesmo o que Deus disse?’), e hoje continuamos vendo esse ataque.

Todo cristão genuíno deve crer na inspiração divina, na inerrância e na veracidade da Bíblia. Pois se não crermos em coisas ‘pequenas’, como creremos em coisas ‘grandes’? Se a Bíblia se engana em assuntos geográficos, históricos e biológicos, como poderemos ter a certeza que ela fala a verdade em assuntos com relação a salvação?

Nesse momento gostaria de falar um pouco sobre a confiabilidade e inerrância da Bíblia, visto que o final de Marcos (versículos 9-20) é um dos textos, de toda a Palavra de Deus, que mais traz dúvidas sobre a sua existência no manuscrito original. A outra passagem também questionada é João 7:53-8:11. Em toda a Bíblia só há, basicamente, essas duas passagens que nos fazem questionar se elas fazem realmente parte dos manuscritos originais. Isso é espetacular!

O que é inerrância? O termo Inerrância Bíblica fala da inspiração divina e da inexistência de erros, mentiras e contradições nos textos autógrafos da Bíblia.

A Declaração de Chicago Sobre a Inerrância da Bíblia [Concílio Internacional sobre Inerrância Bíblica (ICBI) de 1978] diz:

Artigo X - Afirmamos que, estritamente falando, a inspiração diz respeito somente ao texto autográfico das Escrituras, o qual, pela providência de Deus, pode-se determinar com grande exatidão a partir de manuscritos disponíveis. Afirmamos ainda mais que as cópias e traduções das Escrituras são a Palavra de Deus na medida em que fielmente representam o original. Negamos que qualquer aspecto essencial da fé cristã seja afetado pela falta dos autógrafos. Negamos ainda mais, que essa falta torne inválida ou irrelevante a afirmação da inerrância da Bíblia. Artigo XI - Afirmamos que as Escrituras, tendo sido dadas por inspiração divina, são infalíveis, de modo que, longe de nos desorientar, são verdadeiras e confiáveis em todas as questões de que tratam. Negamos que seja possível a Bíblia ser, ao mesmo tempo infalível e errônea em suas afirmações. Infalibilidade e inerrância podem ser distinguidas, mas não separadas. Artigo XV - Afirmamos que a doutrina da inerrância está alicerçada no ensino da Bíblia acerca da inspiração. Negamos que o ensino de Jesus acerca das Escrituras possa ser desconhecido sob o argumento de adaptação ou de qualquer limitação natural decorrente de Sua humanidade. Artigo XVI - Afirmamos que a doutrina da inerrância tem sido parte integrante da fé da Igreja ao longo de sua história. Negamos que a inerrância seja uma doutrina inventada pelo protestantismo escolástico ou que seja uma posição defendida como reação contra a alta crítica negativa.

O que significa infalível? Infalível significa a qualidade de não desorientar nem ser desorientado e, dessa forma, salvaguarda em termos categóricos a verdade de que as Santas Escrituras são uma regra e um guia certos, seguros e confiáveis em todas as questões. Semelhantemente, inerrante significa a qualidade de estar livre de toda falsidade ou engano e, dessa forma, salvaguarda a verdade de que as Santas Escrituras são totalmente verídicas e fidedignas em todas as suas afirmações.

Transmissão e Tradução
Os livros primitivos eram manuscritos (escritos à mão), até à invenção da Máquina Impressora por Gutemberg no século XV. Até esta invenção, o processo de produção de livros era extremamente trabalhoso e pequenos erros nas cópias podiam ocorrer. Uma vez que em nenhum lugar Deus prometeu uma transmissão inerrante da Escritura, é necessário afirmar que somente o texto autográfico dos documentos originais foi inspirado e mantém a necessidade da crítica textual como meio de detectar quaisquer desvios que possam ter se infiltrado no texto durante o processo de sua transmissão. O veredicto dessa ciência é, entretanto, que os textos hebraico e grego parecem estar surpreendentemente bem preservados, de modo que tempos amplo apoio para afirmar, junto com a Confissão de Westminster, uma providência especial de Deus nessa questão e em declarar que de modo algum a autoridade das Escrituras corre perigo devido ao fato de que as cópias que possuímos não estão totalmente livres de erros. Semelhantemente, tradução alguma é perfeita, nem pode ser; e todas as traduções são um passo adicional de distanciamento dos autographa. Porém, o veredicto da lingüística é que pelo menos os cristãos de língua inglesa estão muitíssimo bem servidos na atualidade com uma infinidade de traduções excelentes e não têm motivo para hesitar em concluir que a Palavra verdadeira de Deus está ao seu alcance. A palavra “crítica” vem do idioma grego, e significa: julgamento, teste, avaliação. A Crítica Textual é a avaliação do estado de um texto. Crítica Textual da Bíblia é, portanto, a avaliação do estado do texto da Bíblia, hoje; passados alguns milênios, desde sua composição. O objetivo da Crítica Textual é reconstituir, ou atestar a fidelidade textual aos seus autógrafos (a composição original).

A Crítica Textual não pergunta se a Bíblia é, ou não é, a Palavra de Deus. Ela somente pergunta se o texto bíblico, como o temos hoje, é o que era quando foi originalmente composto. Ou, repetindo a pergunta já feita anteriormente: O que lemos hoje no evangelho de João é fielmente o que ele escreveu? A intenção, portanto, da Crítica Textual é atestar, ou, quando for necessário, restaurar a fidelidade textual. A pergunta que move o crítico textual é: O que o autor (realmente) escreveu?

Quando dizemos que temos os originais do Antigo e do Novo Testamentos, estamos dizendo que temos milhares de cópias antigas do AT e do NT, nas línguas em que foram originalmente escritos. Pois, de fato, não temos o manuscrito em que, por exemplo, o apóstolo Paulo compôs a sua carta aos Romanos. Este manuscrito não é tecnicamente chamado de original, mas de autógrafo. Temos hoje um riquíssimo acervo constituído dos originais do Antigo e do Novo Testamentos; não temos, entretanto, nenhum autógrafo de qualquer livro da Bíblia.

A Crítica Textual não deve ser considerada uma adversária da fé Bíblica. Ao contrário é uma aliada, e, sem dúvida, uma providência divina.

É a Crítica Textual que comprova a fidelidade da nossa Bíblia atual!

CONFIABILIDADE DA PALAVRA DA BÍBLIA:
A Bíblia é o livro histórico mais fidedigno que existe. A confiabilidade dos textos da Bíblia é algo que traz admiração até mesmo dos incrédulos.

A Bíblia permanece até hoje como a obra literária mais bem preservada, com cerca de 24.000 manuscritos do Novo Testamento (descobertos até esta data), enquanto que a segunda obra literária antiga mais preservada, a Ilíada de Homero, tem apenas 643 manuscritos conhecidos até hoje.

O ANTIGO TESTAMENTO: Existem mais de 14.000 manuscritos e fragmentos do Velho Testamento, que foram copiados nas regiões do Oriente Médio, do Mediterrâneo e da Europa, os quais concordam perfeitamente uns com os outros. Os Pergaminhos do Mar Morto, descobertos em Israel nos anos 1940 e 1950, proveem também uma fenomenal evidência à confiabilidade da antiga transmissão das Escrituras judaicas (VT), antes do nascimento de Jesus Cristo.

A CONFIABILIDADE DO NOVO TESTAMENTO: A evidência do manuscrito para a composição do Novo Testamento é enorme, com um grande número de cópias e fragmentos conhecidos, os quais chegam a mais de 5.300 do original grego, dos quais, cerca de 800 foram copiados nos séculos II e III, às vezes com um lapso de tempo decorrido entre os autógrafos originais e as primeiras cópias de apenas 60 anos. Esta evidência dos manuscritos sobrepuja em muito a confiabilidade de outros escritos seculares antigos, os quais são considerados autênticos em nossos dias. Vejamos alguns deles:

  • O livro de Júlio César chamado de "As guerras Gálicas" (10 manuscritos permanecem, com a cópia mais antiga sendo de cerca de 1.000 anos depois da obra original).
  • História”, escrita por Plínio, o Jovem (7 manuscritos; 750 anos decorridos após o manuscrito original).
  • História de Tucídides" (8 manuscritos; 1.300 anos decorridos).
  • História” de Heródoto (8 manuscritos; 1.350 anos decorridos).
  • Platão (7 manuscritos; 1.300 anos decorridos).
  • Anais de Tácito (20 manuscritos; 1000 anos o texto mais novo).
  • Aristóteles, com 49 manuscritos, datando de 1.400 anos.

A Ilíada de Homero, o mais famoso livro da Grécia antiga, tem 643 cópias de manuscritos como apoio. Nessas cópias, existem 764 linhas disputáveis, enquanto em todos os manuscritos do Novo Testamento, existem apenas 40 linhas (Norman Geisler & William E. Nix, “A General Introduction of the Bible”, Moody, Chicago, pg 367).

A disciplina acadêmica de "crítica textual" nos assegura que as traduções da Bíblia que temos hoje são essencialmente as mesmas que os manuscritos antigos da Bíblia, com exceção de algumas discrepâncias inconsequentes que foram introduzidas ao longo do tempo através de erro dos copistas. Em primeiro lugar, devemos lembrar que a Bíblia foi copiada à mão por centenas de anos antes da invenção da imprensa. No entanto, o texto é extremamente bem preservado. Das aproximadamente 20 mil linhas que compõem o Novo Testamento inteiro, apenas 40 linhas são causas de dúvida. Essas 40 linhas representam um quarto de um por cento de todo o texto e não afeta de forma alguma o ensino e a doutrina do Novo Testamento. Voltemos a fazer uma comparação com a Ilíada de Homero. De cerca de 15.600 linhas que compõem o clássico de Homero, 764 linhas causam dúvida. Estas 764 linhas representam mais de 5% de todo o texto, e ainda assim ninguém aparenta questionar a integridade geral dessa obra antiga.

Sendo escrita sobre um material perecível, copiada e novamente copiada por centenas de anos antes da invenção da imprensa, a Bíblia não teve o seu estilo, precisão ou fundamento comprometidos. Comparando-a com outros escritos da Antiguidade, a Bíblia apresenta mais testemunhos manuscritos do que uma dúzia de títulos da literatura clássica em conjunto. John W. Montgomery declara que: “Duvidar do texto acabado do Novo Testamento é jogar no limbo toda a Antiguidade Clássica, uma vez que não há nenhum documento daquela época tão bem documentado quanto o Novo Testamento.

Existe alguma corrupção entre as cópias? Sim, existe. Existem algumas variações entre as cópias. Estudiosos desses manuscritos têm calculado que o texto do novo testamento é 98,33% puro (Hort, Geisler e Nix, conforme Josh McDowell).
Frederik Kenyon (uma das maiores autoridades no campo da crítica textual do Novo Testamento) também é citado por Josh mcDowell como tendo afirmado que nenhuma doutrina fundamental da fé cristã depende de algum texto controvertido.

A conclusão é que a credibilidade do Novo Testamento é maior que qualquer outro documento da antiguidade.

O acervo que nós temos de manuscritos antigos da Bíblia é tão grande e tão fidedigno que podemos fazer a crítica dos textos para saber como era o autógrafo!

A Bíblia que nós temos hoje em português não é perfeita (por isso temos várias versões [NVI, ACF, Jerusalém...], mas é fidedigna e totalmente confiável! A Bíblia que você tem em suas mãos é totalmente digna de sua confiança e segurança. Nada foi perdido! Não existe texto ou livro perdido da Bíblia.

Essas coisas precisam ser esclarecidas, pois Marcos 16:9-20 contem aquelas poucas linhas que trazem dúvidas se pertenciam ao texto autógrafo de Marcos.

PREGAR OU NÃO PREGAR MARCOS 16:9-20?
Eu não acredito que seja errado pregar. Conheço pastores fiéis que pregaram esse trecho. Mas após muito estudo eu acredito que esses versículos não fazem parte do manuscrito autográfico de Marcos. Lembremos que isso não é questionar a canonicidade e nem a inerrância da Bíblia!

EVIDÊNCIAS EXTERNAS: Retirado do livro, An Introduction to the New Testament, por D.A. Carson e Douglas Moo.

1 – Os dois manuscritos mais antigos que já foram encontrados do Novo Testamento (Manuscrito Sinaítico [א] e o Vaticanus [B]) não possuem os versículos 9-20. Outros manuscritos antigos armênios e etíopes também não possuem esse final.

2 – Eusébio (historiador da Igreja, 265-339) e Jerônimo (tradutor da Bíblia para o Latim, a Vulgata, 325-378) declararam que os manuscritos antigos mais confiáveis não tinham esse final (vs.9-20).

3 – Há outros tipos de finais (o curto e o longo) já encontrados, mostrando que muitos não estavam satisfeitos com o fim no versículo 8.

4 – Muitos manuscritos antigos já apontavam para o acréscimo desse final – usaram as margens para notar observações.

EVIDÊNCIAS INTERNAS:
1 – Os versículos 9-20 contêm várias palavras que não foram usadas por Marcos antes (por volta de 14 palavras).

2 – Por que Marcos apresentaria Maria Madalena somente no versículo 9, após já ter mencionado ela duas outras vezes?

3 – A menção de pegar cobras e tomar veneno não é encontrada em nenhum outro lugar do Novo Testamento.

Com base nas evidências textuais conhecidas, parece mais plausível admitir que o final original do evangelho de Marcos é o versículo 8.

Assim, com base na boa evidência externa e nas fortes considerações internas parece que a mais antiga forma verificável do Evangelho de Marcos terminou com 16:8. Ao mesmo tempo, no entanto, em respeito à história do final longo e sua importância na tradição textual do Evangelho, o Comitê decidiu incluir versos 9-20, como parte do texto, mas os colocaram dentro de colchetes, a fim de indicar que eles são a obra de outro autor.(Bruce M. Metzger, A Textual Commentary on the Greek New Testament, 2nd ed. [New York: American Bible Society, 1994], 106, comments on the United Bible Societies’ The Greek New Testament)

Por esses motivos eu encerrarei a série de pregações em Marcos no versículo 8!

Muitos alegam que o fim de Marcos no versículo 8 é frustrante e que fica devendo algo, mas tentarei mostrar como que o versículo 8 encerra perfeitamente esse evangelho fantástico!

Muitos querem um final mais belo e mais honroso, mas se esquecem de que o foco de Marcos está em mostrar Jesus como o Servo/Escravo Sofredor de Isaias 53, e como um escravo Jesus não precisa de relato sobre o nascimento e nem sobre o pós-ressurreição.

Contextualização:
O que Jesus tanto havia falado ocorreu: o Filho do Homem foi humilhado, crucificado e morto em Jerusalém (2:20; 8:31; 9:31; 10:33-34; 12:7-8; 13:14; 14:8; 14:22-24). Mas Ele sabia que a morte não era o fim, como havia sido profetizado por Isaias, o Servo Sofredor seria vindicado através da ressurreição. A ressurreição é prova de que Deus aceitou a pena e a condenação que o Filho recebeu!

Após tanto desprezo e rejeição durante Seu ministério, a ressurreição é a prova da aceitação do Pai.

Após caminharmos com o nosso Salvador pela região da Galiléia (principalmente Cafarnaum), descer para Jerusalém, caminhar dentro do Templo, ser levado para o Petrório, depois pelas ruas de Jerusalém com a cruz até a Caveira (fora de Jerusalém), hoje nós entramos no sepulcro de Jesus e contemplamos a vitória de Cristo sobre a morte!

Divisão do Estudo:
I – O AMOR RADICAL (V.1-3)
II – A MUDANÇA RADICAL (V.1-2)
III – A VITÓRIA RADICAL (V.4-6)
IV – O FIM RADICAL (V.7-8)

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