segunda-feira, 29 de abril de 2013

A Providência de Deus na vida de José

 

Referencia: Gênesis 37: 1-8 / 39
Título: A Providência de Deus na vida de José
Pregado na manhã de domingo, do dia 28 de Abril de 2013,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Nicolas Felix

Pense no pior acontecimento que você passou no ano passado. Você teve um problema de saúde, perdeu o emprego, perdeu um ente querido ou foi maltratado por alguém?

Tenta trazer isso à memória. Como foi sua reação para com a outra pessoa ou para com a circunstância. Você reclamou, chorou, sofreu, perguntou a Deus: “Por que?”, desanimou, se culpou... qual foi sua reação. Pense agora.

Hoje você se arrepende da sua reação? Você queria não ter se vingado contra quem te fez mal, não ter desanimado na fé porque Deus permitiu acontecer, etc?

Hoje você consegue ver algum benefício dessa dificuldade para sua fé ou para o reino de Deus? Você aprendeu alguma coisa que talvez possa ensinar a outros? Ou talvez hoje está mais próximo de Deus ou mais santo por causa da dificuldade?

Mas por que a gente muitas vezes não consegue reagir bem durante a dificuldade? Por que só depois que passa a dificuldade e só depois que a gente entende por que Deus permitiu aquilo a gente aceita?

Há um personagem na Bíblia que pode ajudar-nos a responder essas perguntas. Ele pode ensinar para gente por que e como reagir corretamente diante de uma dificuldade.

Vamos então passear pela história de José no livro de Gênesis e ver como a sua fé o levou a conseguir isso.

O livro de Gênesis nos fala do início da humanidade, sua rebeldia contra Deus e a promessa de um povo redimido por um Salvador. O livro é divido em mais ou menos 10 partes na qual cada uma conta a história de um personagem importante e sua descendência (Adão, Noé, Terá, Abraão, etc). No desenrolar da história vemos um povo sendo formado e promessa de que Deus abençoará todas as nações através desse povo.

Sem mérito nenhum Abraão foi escolhido por Deus para ser o pai dessa nação. Ele creu em Deus e vemos que sua fé foi passada aos seus filhos e netos até chegar a José. Vemos que José cria nesse Deus e cria nas promessas feitas a Abraão. Veremos que esse era o segredo de José para reagir corretamente nas dificuldades.

Veremos nesses textos se realmente cremos nas promessas de Deus. A história de José vai dar-nos pelo menos 4 características de quem realmente crê nas promessas de Deus.

Veremos que essa fé de José dada pela graça de Deus o permitiu ser fiel a Deus e uma ferramenta útil para o propósito de Deus ao seu povo. E pode permitir-nos também.

Vamos abrir nossas Bíblias no livro de Gênesis capítulo 37: 1-8.

Seja por simples ingenuidade, seja por orgulho, José contou o sonho aos irmãos. Isso só agravou a inveja deles por ser o preferido de Jacó. Ele teve um sonho profético e eu creio que deveria ser contado ao invés de ser “político” e esconder.

Nos versículos 19 e 20 vemos que essa inveja havia se tornado em ódio, a ponto de quererem matá-lo.

Ao invés disso resolveram vendê-lo como escravo como nos conta os versículos 26, 27.

Vemos no restante do capítulo que eles enganam a Jacó, insinuando que José tinha sido morto por alguma fera para a grande tristeza de seu pai.

No capítulo 39 José é vendido a Potifar, oficial do Faraó e capitão da guarda.

Reflexão: Imagine-se no lugar de José. Como a gente se sentiria naquele momento. Fui vendido pelos meus próprios irmãos. Por que eles me odiavam tanto? Eu não imaginava que eles seriam capazes de fazer isso. Ah! Com certeza meu pai vai vir me buscar aqui, uma hora ou outra eles virão. Por que Deus deixou que isso acontecesse? O que vai me acontecer aqui na casa desse homem Potifar? Eu nem entendo a língua deles. Serei eu escravo para sempre?

O desenrolar do capítulo mostra que José foi temente a Deus e cumpria suas responsabilidades, apesar de tudo. Vamos ler até o versículo 6. Vemos como Deus era com José e recompensava seu trabalho.

Agora, ser fiel a Deus não é garantia de vida sossegada.

No versículo 7 a esposa de Potifar começa a assediar José e vemos seu temor a Deus ao resisti-la. Leiamos até o versículo 9 do capítulo 39.

José resistiu, mas acabou indo para a prisão por uma mentira da esposa de Potifar.

Reflexão: Coloque-se no lugar de José. Como ele deve ter se sentido ao chegar no calabouço. Como deveria ser uma prisão no Egito a quase 4000 anos atrás? Daria para ver o sol? Como seria a comida? Era impossível ter açoites? Havia travesseiros e camas confortáveis? E a higiene? Creio que eu pensaria: Por que Senhor? Eu não tenho sido fiel a Ti? Já não bastava ser escravo, agora sou prisioneiro? Será que vou ficar aqui para sempre e nunca mais ver minha família querida? Salmos 105:17,18

O desenrolar do capítulo mostra que José continuava temente a Deus e cumpria suas responsabilidades, apesar de estar em circunstâncias adversas. Vamos ler do versículo 21 ao 23 do capítulo 39. Vemos como Deus era com José e recompensava seu trabalho.

No capítulo 40 José vai interpretar os sonhos do copeiro e padeiro de Faraó, mas vai continuar esquecido na prisão por alguns anos... isso mesmo José ficou na masmorra durante ANOS.

Como José conseguiu permanecer temente a Deus, sem desistir durante todas essas provas?

O livro de Hebreus nos conta que José tinha a mesma fé de Abraão para esperar pelas promessas. José temia e confiava em Deus.

Talvez entre aquele monte de pensamentos e dúvidas que provavelmente vinham na cabeça de José, vinham também esses: “Mas Deus prometeu a meu pai Abraão que iria abençoar nossa família. E aqueles sonhos que tive? Ele não vai cumprir?”

Salmos 105:19 confirma que José esperava no que este mesmo disse.

Isso nos leva à primeira característica de alguém que realmente crê nas promessas Deus:

1) Se cremos realmente nas promessas de Deus permaneceremos fiéis mesmo em circunstâncias difíceis.

Lemos que “o SENHOR estava com ele”, tanto nas bênçãos quanto nas dificuldades.

Independente da situação José fazia o que era certo. Seja resistindo à mulher do próximo seja trabalhando duro. Com certeza José não era preguiçoso nem negligente. Vemos que ele olhava o trabalho com os olhos do dono. As bênçãos de Deus não significam um passe de mágicas e que José não tinha que se esforçar.

Aplicação

Como estou me dedicando no meu trabalho, nos meus estudos, no meu papel de pai, mãe, marido, esposa, irmão(ã), filho, filha?

A Bíblia não mostra José reclamando, se rebelando ou tentando fugir da casa de Potifar. Ele reconhece que Deus o colocou ali, como escravo, e mesmo como escravo vai ser fiel a Deus.

Não significa que não posso chorar, lamentar diante do sofrimento. Sofrimento é sofrimento, é consequência do pecado. Embora Deus use para o nosso bem, se não fosse o pecado a gente não iria precisar passar por sofrimento.

Ilustração

1) Meu pai tem um sítio no sul de Minas Gerais. Ele mora na cidade portanto precisa de um caseiro. Nos primeiros 20 anos ele teve 18 caseiros diferentes. Um era preguiçoso e não trabalhava, outro roubava, outro bebia, etc. Até que um dia ele encontrou um que era muito bom trabalhador. Ao comentar com o novo caseiro sobre sua dificuldade em achar mão de obra, o caseiro disse: “sr. Felix, o senhor precisa de um caseiro que olhe para o sítio com o olho do dono”. Esse caseiro já está trabalhando lá há anos e esperamos que ele vai aposentar lá.

2) Charles Spurgeon foi considerado o maior pregador do século 19 e um dos maiores da história. Deus o usou grandemente para abençoar a igreja de Cristo e salvar pessoas. Sua igreja tinha milhares de pessoas (12 mil). Porém o seu ministério começou quando, ainda adolescente, distribuía folhetos e ensinava na EBD. Deus abençoou esse ministério e ele foi convidado a pregar em lugares remotos e obscuros na zona rural. Ele foi dedicado e aproveitou cada oportunidade para honrar o Senhor. Ele foi fiel nas pequenas coisas e Deus confiou a ele grandes. “ Eu tenho certeza absoluta”, diz ele, “que, se eu não tivesse me disposto a pregar nessas pequenas congregações em zonas rurais remotas, eu nunca teria recebido o privilégio de pregar para milhares de homens e mulheres em grandes auditórios por toda a parte. Lembre da regra de nosso Senhor, ‘que exalta a si mesmo será rebaixado, mas que se humilha será exaltado’”.

Agora, a necessidade de crer nas promessas de Deus não é somente quando estamos em dificuldades ou humilhados, é também quando somos exaltados. Há o perigo de cair no orgulho e se esquecer de Deus. Assim como Spurgeon, José foi fiel nas pequenas coisas e foi colocado sobre muito.

No capítulo 41, José foi finalmente lembrado e interpretou o sonho de Faraó.

Leiamos os versículos 37 a 44.

José agora estava acima de absolutamente todas as pessoas do Egito (exceto Faraó). Seria fácil para José se exaltar e se esquecer de Deus, do Deus que permitiu que ele sofresse tanto. Mas vemos que José continuava fiel a Deus, mesmo exaltado. Leiamos o versículo 52 do capítulo 41.

Temos, portanto uma segunda característica de quem realmente crê nas promessas de Deus extraída da história de José:

2) Se cremos realmente nas promessas de Deus daremos glória a Deus quando alcançamos o sucesso no mundo ou recebemos alguma benção.

“Aqueles que conhecem a Deus serão humildes”, diz o puritano John Flavel, “e aqueles que se conhecem a si mesmos não conseguirão ser orgulhosos”.

Ilustração

1) Temos um exemplo oposto. Rei Uzias. 2 Cr 26: 1 - 20

Aplicação

Assim como José e Spurgeon, devemos ser fiéis a Deus mesmo em situações humilhantes e não preocuparmos em sermos exaltados.

Se formos exaltados devemos lembrar que “Deus é quem efetua em nós tanto o querer quanto o realizar...”. E em tudo devemos dar graças.

Então agora José é governador de toda a terra do Egito. Depois de juntar cereal “além de toda medida” (41:49), começaram os anos de fome que atingiram também Canaã e a casa de Jacó.

No capítulo 42, os irmãos de José descem ao Egito para mantimento. Prostram-se diante de José que se lembra dos sonhos que teve.

No capítulo 43 e 44 os irmãos voltam com Benjamim, conforme exigiu José.

No capítulo 45 José revela-se a seus irmãos. Leiamos os versículos 1 a 8 desse capítulo.

Aqui temos a confirmação do que vimos até agora. José tinha plena certeza (forte fé) de que Deus estava no controle de todas as circunstâncias, seja nas ruins quanto nas boas.

Reflexão: Será que vai mudar alguma coisa na sua atitude no trabalho, por exemplo, se você tiver convicção de foi Deus que mandou você para lá. Será que eu realmente acredito que Deus controla cada acontecimento e circunstância na minha vida? Será que o tempo que José passou na casa de Potifar e na prisão não foi um aprendizado que ele usaria como governador?

Entremos agora para a última parte da vida de José. Seu pai Jacó vem para o Egito no capítulo 46 e 47. No capítulo 48 e 49 Jacó chega ao final de sua vida e abençoa seus filhos e morre.

No capítulo 50 seu corpo é levado em uma grande caravana para ser sepultado em Canaã.

No versículo 15 chegamos a um grande clímax nessa narrativa e um dos textos mais bonitos das escrituras, em minha opinião. Leiamos do versículo 15 – 21.

Assim como chorou ao ver Benjamim, Jacó e seus irmãos antes. José chora de afeto ao ouvir esse pedido.

Seus irmãos novamente se prostram e temos a maravilhosa resposta de José que mostra ter um verdadeiro caráter cristão.

Então temos a 3ª característica de quem crê realmente nas promessas de Deus.

3) Se cremos realmente nas promessas de Deus seremos capazes de amar nossos inimigos

José entendia que a vingança pertencia a Deus. Se ele se vingasse estaria tomando o lugar de Deus.

Ilustração

Davi havia sido ungido por Samuel para ser rei. Ele foi, em tudo, fiel a Saul, se arriscou em batalhas, enfrentou Golias, tocou a harpa quando Saul estava perturbado espiritualmente. Mesmo assim Saul perseguia Davi e tentava matá-lo. Certa vez, quando Davi, que estava escondido numa caverna, Saul entra sem saber. Os homens de Davi dizem a ele o que nós provavelmente diríamos: “vai lá, Deus entregou teu inimigo nas tuas mãos.” Mas Davi cria nas promessas de Deus. Cria que Deus ungira Saul e só Deus o podia retirá-lo do reinado. Cria que Deus o havia ungido e no tempo certo ele seria rei.

Aplicação

1) O que a gente faz quando alguém nos faz mal.. Vamos trazer para nossa realidade. Quando nossa esposa, marido, irmão(ã), mãe, pai ou filho(a) faz algo para nos provocar, ofender ou machucar. Qual a nossa reação?

Quando alguém briga comigo e eu grito com essa pessoa de volta, o que estou fazendo? Não é uma forma de punição? Ou quando fico em silêncio só para provocar, não é também uma forma de punição? Punir o pecado do outro é vingança e nisso estou tomando o lugar de Deus! O primeiro que tentou roubar o lugar de Deus, meus irmãos, foi o diabo. E olha o que aconteceu com ele. A ira pecaminosa é um pecado grave!

José não apenas não se vingou, ele lhes sustentou, tranquilizou e falou amavelmente.

Matthew Henry diz: “Deus não é o autor do pecado, longe de nós pensarmos isso; mas sua infinita sabedoria sobrepõe de tal maneira os acontecimentos, e direciona a cadeia de eventos que se seguem que nesse aspecto o fim é o Seu louvor mesmo se na origem fosse intencionado a sua desonra, como foi, por exemplo, a morte de Cristo. Isso não torna o pecado menos grave nem pecadores menos culpados, mas redunda grandemente para a glória da sabedoria de Deus”.

Por fim temos a 4ª característica de quem crê realmente nas promessas de Deus.

4) Se cremos realmente nas promessas de Deus seremos capazes de esperar o mal se tornar em bem

Quando Jacó foi proferir a benção para José, citou o nome de Deus mais vezes do que qualquer dos outros irmãos. José confiava em Deus. Gn 49: 22-26

Aplicação

1) Rm 8:28 – Todas as coisas cooperam para o nosso bem. Desastres naturais, disciplina de Deus e até mesmo nossos pecados e os pecados de outros estão sob o controle de Deus. Deus de forma nenhuma é o autor do mal mas controla todas as coisas. Deus transforma o mal em bem a favor do seu povo.

Conclusão

Afinal de contas, quais eram as promessas de Deus que José cria?

E como eu consigo crer como José?

Leiamos os versículos 50:24,25.

José cria na promessa que Deus fez a Abraão de que abençoaria a descendência deste e através dela abençoaria todo o mundo. José agia como peregrino e buscava uma pátria superior

Como a descendência de Abraão abençoaria o mundo?

Vamos para Hb11:1,8-22,39,40

José buscava uma pátria superior, viram-na de longe. E nós somos privilegiados pois recebemos a concretização da promessa. Qual é a promessa então?

Hb 4:8,9, 14-16. Entrar na Canaã celestial através de Jesus Cristo.

O povo que não entrou no descanso terreno foram os que não creram na promessa e, portanto foram desobedientes. O povo fez exatamente o contrário de José. Na hora da dificuldade não creu em Deus e desobedeceu. Creiamos na promessa de salvação através de Cristo. Aproximemo-nos do trono de graça!

Vemos que a raiz do pecado está na falta de fé. Salmos 78:5-8.

Leiamos Hb 12:1-6

Aqui vemos como Jesus teve a verdadeira fé. Ele creu na promessa de havia uma alegria superior, e por isso suportou a cruz. Assim também José creu nos sonhos e nas promessas e suportou o sofrimento. Devemos então crer na promessa de Cristo de que iremos para nossa pátria celestial e receberemos o galardão. Jo 14

Se nossa fé é fraca não há o que temer, Jesus é o AUTOR, ele cria, gera nossa fé. E ele é o CONSUMADOR, aquele que aperfeiçoa que faz nossa fé ser completa.

Olhemos para Cristo, corramos para Cristo, como aquele centurião oremos: “ajuda-me na minha falta de fé”. Creiamos nas promessas de Deus. Não tentemos viver por nossas próprias forças e para nossa própria glória. Soli Deo Gloria.

Se você ainda não correu para Cristo faça isso hoje. Avalie se você está realmente na fé. Mesmo se já vai à igreja ou se já é batizado. Avalie se crê realmente.

Se você tem certeza de que creu em Cristo PARA ser salvo então eu pergunto. Você crê que Deus controla tudo mesmo?

A Bíblia diz que Deus sabe quantos fios de cabelo existem em nossa cabeça, Ele controla absolutamente tudo o que acontece.

Não é maravilhoso meus irmãos? Não é confortante saber que o sofrimento agora é passageiro (Rm 8:18)? O fardo de Cristo não é leve de carregar?

Outros versículos para reflexão: Hb10:32-11:1,8-22,32-40;12:1-13;13:5b-6

A Deus seja toda a glória por sua infinita sabedoria e bondade em tornar o mal em bem!