Passagem: I Timóteo 3:1-7 / Tito 1:5-9
Título: Sola Scriptura
Pregado na manhã de domingo, do dia 10 de Fevereiro de 2013,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Ricardo Lima
por Ricardo Lima
2 Tm 3:16-17:
Toda a Escritura é inspirada por
Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a
instrução na justiça, para que o homem
de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.
“Em uma época quando muitos evangélicos parecem estar se voltando em
massa para a esperteza mundana nas áreas de psicologia, negócios, política,
relacionamentos e entretenimento, as Escrituras nos são indicadas como a única fonte que podemos recorrer
para encontrar a infalível verdade espiritual.” John MacArthur [1]
O estudo está
dividido em 4 partes:
I
– CONTEXTO HISTÓRICO
II
- A CONTESTAÇÃO CATÓLICA ROMANA – O CONCÍLIO DE TRENTO (1545)
III
- A BÍBLIA OU PROFECIAS?
IV
– CONCLUSÃO/APLICAÇÃO
CONTEXTO HISTÓRICO
Desde o século XIV a igreja passava por profundos
desvios morais e teológicos . Homens como John Wycliff, John Huss, Girolamo
Savonarola, considerados os precursores da reforma já mostravam
descontentamento com os rumos da igreja medieval. Esse decontentamento foi aumentando
até culminar na Reforma Protestante do século XVI, sob a batuta de Martinho
Lutero, um monge alemão que, ao dedicar-se aos estudos das Escrituras descobriu
que “O justo viverá por fé” (Rm. 1:17).
Após esta descoberta, ele que já havia feito tudo o que a igreja
indicara para ter paz com Deus, finalmente encontrou a graça divina. Junto a
ela, muniu-se de argumentos bíblicos para refutar as práticas eclesiais de
então.
No dia 31 de outubro de 1517, na Alemanha,
Lutero afixou na porta da capela de Wittenberg as suas 95 teses, onde
questionava as penitências, a autoridade do papa, as indulgências entre outras
coisas. Era o início da Reforma Protestante.
Paralelamente, na Suíça, Zwinglio também
liderava uma reforma, seguido por Guilherme Farel, João Calvino, John Knox e
outros que deram forma e continuidade ao movimento.
Para Lutero, o termo sola, da Sola Scriptura estava inseparavelmente
relacionada com a singular inerrância
bíblica. Foi porque os papas
podiam errar e de fato erravam e os Concílios também poderiam e
de fato erravam, que Lutero veio a perceber a supremacia das Escrituras.
Lutero não desprezava a autoridade da igreja nem repudiava os
Concílios da Igreja como sem valor.
Seu louvor ao Concílio
de Nicéia é notável. Paul Althaus resume a linha
de pensamento de Lutero, dizendo:
“Nós podemos confiar incondicionalmente somente na Palavra de Deus e não no ensinamento
dos pais da igreja, pois os
professores da Igreja podem errar e
já erraram. Escritura nunca erra. Por isso, só
ela tem autoridade incondicional.
A autoridade dos teólogos da Igreja
é relativa e condicional. Sem a autoridade das palavras
da Escritura, não se pode estabelecer
direções sólidas e claras para a Igreja”.[2]
Depois que Lutero afixou suas Noventa e Cinco Teses, uma série de debates,
correspondências, acusações, e contra-acusações se seguiram, culminando na defesa dramática de
Lutero em Worms.
No verão de 1519, em
Leipzig, Alemanha, aconteceu o encontro dramático entre
Lutero e Johannes von Eck. Neste debate
Eck incitou Lutero a admitir sua crença de que não só o papa podia errar,
mas também Concílios da Igreja podiam e realmente
erravam. Lutero deixou clara
sua afirmação: “Só a Escritura é a autoridade divina
final em todos os assuntos relativos
à religião.” [2]
Então, em 1521, quando Lutero foi
convocado a apresentar-se à Dieta de Worms, o princípio da Sola Scriptura já estava bem
estabelecido na sua mente e
trabalho. Nessa ocasião, já rodeado de ameaças de morte, excomungado da igreja católica, haveria de
responder se tinha realmente escrito aquelas teses e livros e se mantinha tudo
o que havia dito. Então, ele sustentou sua famosa defesa perante Carlos V, rei
da Espanha e imperador da Alemanha: "Visto que vossa majestade e vós poderosos
senhores me exigem uma resposta clara, simples e precisa, dar-vo-la-ei, e essa
resposta é a seguinte – não posso submeter a minha fé nem ao papa, nem aos
concílios, porque é claro como o dia que eles muitas vezes tem caído em erro,
até nas mais palpáveis contradições, com eles próprios. Se, portanto, não me
convencerdes pelo testemunho das Escrituras, se não me persuadirdes pelos
próprios textos que tenho citado, libertando assim a minha consciência por meio
da Palavra de Deus, eu não posso nem quero retratar-me, porque não é seguro
para um cristão falar contra a sua consciência". Em seguida,
olhando em volta daquela assembléia, no meio da qual se conservava de pé, e que
tinha bastante poder para o condenar, disse – "Tenho
dito... aqui estou. Não posso proceder de outro modo... Deus me ajude! Amém".
Muitos o aclamaram e outros tantos queriam
queimá-lo. Entretanto, a divina providência o manteve vivo para dar continuidade
ao seu trabalho e expandir a reforma e o acesso à Bíblia para todo o mundo.
Podemos resumir a Sola Scriptura como o ensinamento e a crença de que há apenas uma revelação especial de Deus que o homem possui hoje, as Escrituras escritas, ou, a Bíblia, e
que, consequentemente, as Escrituras são materialmente suficientes e são, por causa de sua
própria natureza inspirada por
Deus, a autoridade máxima para a
Igreja. Isto significa que não há
nenhuma parte da revelação que foi
preservada na forma de tradição
oral, independente da Escritura. [3]
A Confissão
de Fé de Westminster afirma: Sob o
nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos
os livros do Velho e do Novo Testamento, ... todos dados por inspiração de Deus
para serem a regra de fé e de prática...
A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e
obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende
somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser
recebida, porque é a palavra de Deus... O Velho Testamento em Hebraico... e o
Novo Testamento em Grego..., sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu
singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por
isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve
apelar para eles como para um supremo tribunal... O Juiz Supremo, pelo qual
todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão
examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos
escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz
Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito
Santo falando na Escritura.(I, 2,4,8,10).
Veja Ap. 22:18-19 - Declaro a
todos os que ouvem as palavras da profecia deste livro: se alguém lhe
acrescentar algo, Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro.
Se alguém tirar alguma palavra deste livro de profecia, Deus tirará dele a sua parte na árvore da vida e na cidade santa, que são descritas neste livro.
Se alguém tirar alguma palavra deste livro de profecia, Deus tirará dele a sua parte na árvore da vida e na cidade santa, que são descritas neste livro.
A CONTESTAÇÃO CATÓLICA ROMANA – O CONCÍLIO DE TRENTO
(1545)
A abertura do Concílio de Trento
deu-se 28 anos depois do rompimento de Martinho Lutero com Roma (outubro de
1517) e nove anos depois da primeira edição das Institutas da religião cristã,
de João Calvino. Por ocasião da abertura do Concílio (13 de dezembro de 1545),
todos os reformadores, exceto Zwinglio,
ainda estavam vivos: Martinho Lutero com 62 anos, Guilherme Farel com 56,
Filipe Melanchton com 48, João Calvino com 36 e João Knox com 31. Lutero
morreria no ano seguinte (1546). [4]
O propósito do Concílio de
Trento era fazer frente à Reforma Protestante, reafirmando as doutrinas
tradicionais. [4]
A Igreja Católica Romana também aceita as
Escrituras como Palavra de Deus, mas não só as Escrituras. Ela acredita que as
decisões da Igreja através dos seus concílios e do papa, quando fala
oficialmente (ex cathedra) em matéria de fé e de moral, são igualmente a
palavra de Deus, infalível. [5]
Declarou-se que a revelação de Deus não estava contida unicamente nas Escrituras.
Ela estava contida em parte nas Escrituras escritas e
em parte na tradição oral e,
portanto, as Escrituras
não eram materialmente
suficientes.
Para a justificar tal
alegação, apelaram para a declaração de Paulo em 2 Tessalonicenses 2:15, [Então, irmãos, estai firmes e retende as
tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.]. Roma afirma que, com base no ensinamento de Paulo
nesta passagem, o ensino
da Sola Scriptura é
falso, já que ele deixou ensinos aos Tessalonicenses tanto na forma verbal quanto escrita. Mas o que é interessante no tal apelo é que os apologistas romanos nunca documentaram as doutrinas específicas que Paulo está se referindo, as
quais eles afirmam que possuem e
que são obrigatórias a todos os homens. Em todos os escritos dos apologistas da Reforma até
os dias de hoje, ninguém
foi capaz de listar as doutrinas
que compõem esta suposta Tradição Apostólica oral. Eu desafio qualquer um a listar as doutrinas Paulo
está se referindo em 2 Tessalonicenses 2:15, que diz que ele
entregou oralmente aos Tessalonicenses. [3]
É nos escritos de Irineu e Tertuliano, em meados para o final do século
II, que primeiro encontramos
o conceito de Tradição
Apostólica que é preservada na Igreja de forma oral.
Mas tudo o que eles queriam dizer é que os
bispos ensinavam as verdades oralmente e se alguém quisesse aprender a
verdadeira Tradição Apostólica, poderia aprender simplesmente ouvindo o bispo
em alguma igreja ortodoxa da época. Não
há nenhum apelo a uma Tradição Apostólica que fosse à parte da Escritura.
Eles foram enfáticos em que todo o ensino dos bispos da época estava
fundamentado nas Escrituras e poderiam ser provados pela Palavra escrita.
O próprio Irineu diz: "Aprendemos
de nenhum outro o plano de nossa salvação, senão daqueles através de quem o evangelho chegou até nós, o que eles fizeram uma vez
proclamarndo em público, e, em um período posterior, pela vontade de Deus, transmitida até nós nas Escrituras, para ser o fundamento e pilar de nossa fé " [3]
A Tradição Apostólica para Irineu e Tertuliano é simplesmente a Escritura.
O ensino de um corpo separado da revelação
apostólica conhecido como Tradição,
que é de natureza oral, originou,
não com a Igreja cristã, mas com o gnosticismo, que foi duramente combatido por Irineu e Tertuliano.
E eles são representantes dos pais da igreja como um todo. Cipriano,
Orígenes, Hipólito, Atanásio, Firmiliano,
Agostinho são apenas alguns dos pais que poderiam ser citados como proponentes do princípio de Sola Scriptura, além de Tertuliano, Irineu, Cirilo e Gregório de Nissa. A
Igreja Primitiva operou sobre a base do princípio da sola scriptura e foi este princípio histórico que os Reformadores procuraram restaurar
à Igreja. [3]
Concluímos que não existe um ensino separado da escritura,
que exista por si só. Todo ensino e doutrina que foram transmitidos verbalmente
estão fundamentados nas escrituras e se não puderem ser provados pelas
mesmas devem ser rejeitados in limine
(de cara).
Efésios 2:19-20
Assim que já não sois estrangeiros, nem
forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; Edificados sobre o fundamento dos apóstolos
e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;
A igreja jamais pode ter autoridade sobre as Escrituras, pois
não foi a igreja que formou as Escrituras, mas vice-versa.
Portanto, a Igreja não se coloca acima da Escritura pelo fato
de ter definido o seu cânon (Novo Testamento). A afirmação de que a
igreja estabeleceu o cânon é verdadeira; mas o evangelho estabeleceu a igreja,
e a autoridade da Escritura não está no cânon, mas no evangelho. [6]
A BÍBLIA OU PROFECIAS?
Leia II Pe 1:19-21: Assim,
temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês farão bem se a ela
prestarem atenção, como a uma candeia que brilha em lugar escuro, até que o dia
clareie e a estrela da alva nasça no coração de vocês. Antes de mais nada,
saibam que nenhuma profecia da Escritura
provém de interpretação pessoal,
pois jamais a profecia teve origem na vontade
humana, mas homens falaram da parte
de Deus, impelidos pelo Espírito Santo.
A Declaração de Cambridge enfatiza que a obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura.
O Espírito não fala em formas que
independem da Escritura. Sem as Escrituras, nunca teríamos conhecido a
graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica,
e não a experiência
espiritual, é o teste da verdade. [7]
Logicamente, a vida cristã também implica em experiências
pessoais com Deus, devendo transcender uma aceitação puramente racional das
doutrinas. Há, porém, aqueles que passam por experiências místicas e julgam ser
provenientes do Espírito ou do próprio Deus. Desta experiência tiram novas
doutrinas, formas de culto, “revelações” sobre a vida de outras pessoas,
profecias etc.
A Confissão de Fé de Westminster
assim define a suficiência das
Escrituras:
Todo o conselho de Deus relativo a todas as coisas necessárias para a sua própria glória, a salvação do homem, a fé e a vida, ou está expressamente declarado na escritura, ou por correta e necessária conseqüência pode ser deduzido a partir da escritura: à qual nada, em tempo algum, deve ser acrescentado, seja por novas revelações do Espírito, ou por tradições dos homens (1:6) [3]
Todo o conselho de Deus relativo a todas as coisas necessárias para a sua própria glória, a salvação do homem, a fé e a vida, ou está expressamente declarado na escritura, ou por correta e necessária conseqüência pode ser deduzido a partir da escritura: à qual nada, em tempo algum, deve ser acrescentado, seja por novas revelações do Espírito, ou por tradições dos homens (1:6) [3]
Lemos
em Dt. 4:2 - Nada acrescentem às palavras
que eu lhes ordeno e delas nada retirem, mas obedeçam aos mandamentos do
Senhor, o Deus de vocês, que eu lhes ordeno.
CONCLUSÃO/APLICAÇÃO
No culto:
Os
reformadores aplicaram a Sola Scriptura à adoração, estabelecendo o que
eles chamaram de Princípio Regulador.
Calvino foi o primeiro a articular de maneira sucinta esse princípio:“Não podemos adotar qualquer artifício [em nosso culto] que pareça satisfazer a nós mesmos, e sim levar em conta as exortações dAquele que tem o direito de prescrevê-las. Portanto, se desejamos que Ele aprove nosso culto, esta regra, que Ele mesmo enfatiza com muita rigidez, tem de ser observada com zelo... Deus reprova todos os tipos de cultos não sancionados expressamente por sua palavra”. [1]
Nossa cosmovisão:
Nas palavra de John MacArthur: “A Sola Scriptura não diz que toda verdade, de toda natureza, encontra-se nas Escrituras nem diz que tudo o que
Jesus ou os apóstolos ensinaram foi preservado na Bíblia, mas apenas aquilo que é essencial à nossa
consciência e tudo aquilo que Deus requer de nós. Há muitas questões
importantes em que a Escritura
se cala (...) Porém, a Escritura é a autoridade
máxima e suprema sobre
qualquer assunto em que se pronuncie.” [8]
A Palavra de Deus está acima de qualquer
ciência dos homens.
Quando há algum aparente
conflito entre a Bíblia e a ciência, podemos ter certeza que é porque a ciência
ainda não encontrou a verdade. A ciência muda, a Bíblia não.
Talvez o maior desfio dos cristãos
contemporâneos, em matéria de inerrância bíblica, seja rebater as críticas das
pseudo-ciências à Palavra. Desde o advento do Iluminismo, há uma nefasta
tentativa de se colocar a ciência em oposição à Bíblia, pregando que a fé
(cristã principalmente) não pode coexistir com a razão e a ciência. Mas elas
não estão no mesmo pé de comparação e nem a ciência verdadeira tentou
“desmentir” as Escrituras jamais. A ciência nasceu da vontade de compreender o
Criador e a natureza - ela é filha legítima do crisitanismo. Os grandes
astrônomos, físicos e demais cientistas do passado e presente sempre foram
submissos às Escrituras e nunca negaram sua autoridade e a existência de um
Deus Criador, Todo-poderoso, que encontramos na Bíblia. Boyle, Faraday,
Newton, Joule, Leibniz, Pasteur, Maxwell, Heisenberg, Carlos Chagas… a lista é
interminável.. O próprio Einstein certa vez declarou: “A todo cientista
minucioso deve ser natural algum tipo de sentimento religioso, pois não
consegue supor que as dependências extremamente sutis por ele vislumbradas
tenham sido pensadas pela primeira vez por ele. No universo incompreensível
revela-se uma razão ilimitada. A opinião corrente de que sou ateu baseia-se num
grande engano. Quem julga deduzi-la de minhas teorias científicas, mal as
compreendeu. Entendeu-me de forma equivocada e presta-me péssimo serviço” [9]
Devemos então reter firmes a confiança de
que a Bíblia é a palavra de Deus, infalível e suficiente para nosso caminhar
cristão nessa terra e para que conheçamos o Deus que se revelou a nós através
deste maravilhoso livro. Nele podemos confiar!!
Rm 15:4:
Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de
forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras,
mantenhamos a nossa esperança.
Termino citando o pastor e teólogo Paulo
Anglada:
“O evangelicalismo moderno recebeu, especialmente do século passado,
um legado teológico, eclesiástico e litúrgico que precisa ser urgentemente
submetido ao teste da doutrina reformada da autoridade suprema das Escrituras.
É tempo de reconsiderar as
implicações desta doutrina. É tempo de reavaliar a nossa fé, nossas
práticas eclesiásticas e nossas próprias vidas à luz desta doutrina. Afinal,
admitimos que a igreja reformada deve estar sempre se reformando - não pela
conformação constante às últimas novidades, mas pelo retorno e conformação
contínuos ao ensino das Escrituras.
Sabendo que a nossa natureza pecaminosa nos impulsiona em direção
ao erro e ao pecado, conhecendo o engano e a corrupção do nosso próprio
coração, reconhecendo os dias difíceis pelos quais passa o evangelicalismo
moderno (particularmente no Brasil), e a ojeriza doutrinária, a exegese
superficial e a ignorância histórica que em grande parte caracterizam o
evangelicalismo moderno no nosso país, não temos o direito de assumir que a
nossa fé e práticas eclesiásticas sejam corretas, simplesmente por serem
geralmente assim consideradas. É necessário submeter nossa fé e práticas eclesiásticas
à autoridade suprema das Escrituras.
“Assim fazendo, não é improvável que nós, à semelhança dos reformadores,
também tenhamos que rejeitar consideráveis entulhos teológicos, eclesiásticos e
litúrgicos acumulados nos últimos séculos. Não é improvável que venhamos a nos
surpreender, ao descobrir um evangelicalismo profundamente tradicionalista,
subjetivo e racionalista. Mas não é improvável também que venhamos a presenciar
uma nova e profunda reforma religiosa em nosso país.
Que assim seja!” [10]
Alguns textos
relevantes: Sl 119; Jo 5:39; Sl 19:7-11