domingo, 24 de fevereiro de 2013

Sola Gratia: A redescoberta de uma maravilhosa doutrina



Passagem: Romanos 1:17
Título: Série Cinco Solas | Sola Gratia: A redescoberta de uma maravilhosa doutrina
Pregado na manhã de domingo, do dia 10 de Fevereiro de 2013,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Oberdan Siqueira




Introdução
Dando sequencia em nosso estudo, sobre os cinco Solas da reforma protestante; hoje iremos estudar o: Sola Gratia ou Somente a Graça.

O foco deste estudo é trazer a luz, o contexto histórico e as motivações desta doutrina, A questão filosófica, que é tão importante para a igreja.

Qual foi a motivação dos reformadores em levantar essa bandeira?

O Dr. Joel R. Beeke (pastor e teólogo americano, presidente do Seminário Teológico Puritano Reformado), diz o seguinte:

A justificação pela fé somente, foi a grande revolução espiritual e teológica de Martinho Lutero. Ela não veio facilmente. Ele havia tentado de tudo, desde dormir sob o chão duro e jejuar, até subir uma escadaria em Roma de joelhos em oração. Monastérios, disciplinas, confissões, missas, absolvições, boas obras - tudo provou ser inútil. A paz com Deus lhe escapava. O pensamento da justiça de Deus o perseguia. Ele odiava a própria palavra "justiça".

A luz finalmente raiou para Lutero quando ele meditou sobre Romanos 1:17, "Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé".

Ele viu pela primeira vez que a justiça que Paulo tinha aqui em mente não era uma justiça punitiva que condena os pecadores, mas uma justiça que Deus livremente concede aos pecadores com base nos méritos de Cristo, e a qual os pecadores recebem pela fé.

Lutero viu que a doutrina da justificação pela graça somente (sola gratia) através da fé somente (sola fide) por causa de Cristo somente (solusChristus) era o coração do evangelho e se tornava para ele "uma porta aberta para o paraíso; um portão para o céu".

Portanto é obrigação de cada crente se alegrar, com a nossa justificação. A justiça de Cristo foi imputada em nós para toda a eternidade.

- Sola Gratia/ Definição Teológica
É um dos cinco solas propostos pelos reformadores para resumir as crenças fundamentais do Cristianismo.

Esta expressão latina significa: "Graça somente", a ênfase se dava em razão da doutrina católica vigente de que as boas obras ajudariam na salvação do homem.

Durante a Reforma, os líderes protestantes e os teólogos geralmente concordavam que a doutrina da salvação da Igreja Católica Romana seria uma mistura de confiança na graça de Deus e confiança no mérito de suas próprias obras.

Nós protestantes chamamos essa linha teológica de sinergismo, que contrapõe totalmente a doutrina da graça, tão pregada pelos reformadores. Ou seja no sinergismo, o homem tem um papel importante na salvação, que é de escolha.

Embora no século XVI, esse assunto tenha sido muito discutido, no quarto século, Deus já tinha levantado um servo fiel às escrituras, para formatar o pensamento teológico e filosófico do cristianismo, que perdurara até hoje.

Podemos dizer então, que a doutrina da graça, ficou adormecida e esquecida num mar de pecados e heresias,da igreja; mas quando acordou, foi como um tigre que ataca a sua presa, já que ela dilacerava os corações sedentos da verdade de Cristo.

Lembro que no contexto histórico, as verdades bíblicas eram pouco pregadas, uma vez que o povo não tinha acesso à bíblia, e os que tinham (monges, padres, clérigos em geral), não tinham a mínima intenção de expô-las.

“Agostinho é quem nos deu a Reforma”.
Assim escreveu B. B. Warfield(prof. Teologia em Princenton – 1887 a 1921), em sua avaliação da influência de Agostinho na história da igreja. Não foi somente porque Lutero era um monge agostiniano, ou porque Calvino citou Agostinho mais do que qualquer outro teólogo.

Mais era porque a Reforma testemunhou o triunfo final da doutrina agostiniana da graça sobre o legado da visão pelagiana sobre o homem.



Esse estudo será divido em:

- O resgate da doutrina de “Graça”;
- Doutrinas Sinérgicas;
- Diferenças entre Arminianismo e Calvinismo;
- Conclusão e aplicação.


1)    O “resgate” da Doutrina da raça
Como vimos no domingo passado no estudo do Rick Lima.
Ha reforma iniciou-se muito antes de Lutero fixar as 95 teses. A reforma já estava acontecendo de forma isolada,através de homens que enxergaram que a igreja atual, não estava seguindo o cristianismo bíblico. Homens que morreram pela verdade de Cristo, e hoje somos frutos de seus martírios e sofrimentos.


“A doutrina bíblica da graça parece ter sido enterrada na era pós-apostólica para reaparecer somente com Agostinho.”

F.F. Bruce (teólogo escocês – 1910 – 1990)

Agostinho de Hipona(354 – 420) viveu num momento crucial da história e foi um homem mundano antes da sua conversão. Ele procurou diversas seitas e filosofias, mas nada dava a paz que ele buscava.
Um dia numa tarde em uma casa de campo, ele lê um trecho bíblico, que mudaria a sua vida e vida da igreja.

Romanos 13:13-14
Comportemo-nos com decência, como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja.
Pelo contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne.

Esse trecho bateu de frente com o estilo de vida que ele levava.

Agostinho assistiu a decadência do Império Romano e o fim da Antiguidade Clássica (estruturas que dominaram o mundo por séculos).

Em 410 foi testemunha da tomada de Roma pelos visigodos, e ao morrer, em 430, presenciou o sitio de Hiponapelos vândalos, e a destruição do poderio romano na África do norte.

Agostinho não morreu martirizado, mas viveu, em um mundo convulsionado por lutas, conquistas e debates. Ele exerceu o seu ministério sacerdotal, construindo uma obra teológica e filosófica, decisiva para o pensamento cristão ao longo da historia.

Defendeu a imutabilidade de Deus; sustentou que ao contrario dos que criam os maniqueístas, seita que ele foi adepto antes de sua conversão- o diabo não era igual em força de Deus. Deus é o único criador, e superior a qualquer força contraria que possa haver no universo.

Combateu com grande capacidade as heresias de seu tempo, fazendo oposição ferrenha ao pelagianismo, seita sinérgica que veremos adiante.

Exerceu decisiva influência sobre o desenvolvimento cultural do mundo ocidental e, é chamado de “Doutor da Graça” ou “Doutor da Igreja”, pois como ninguém, soube compreender os seus efeitos das verdades bíblicas adormecidas.


2)    Sinergismo x Monergismo
Em: Romanos 3:10-12
Como está escrito: Não há nenhum justo, nem um sequer;
Não, há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus.
Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer.
Essa passagem de Romanos é clara e refuta totalmente qualquer doutrina sinérgica.
Quero abrir um, parênteses nessa sobre essa reflexão.

(Toda a heresia nasce da igreja, seja ela qualquer; nenhum sistema, ou denominação no caso dos evangélicos está livre disso. Por isso é tão importante: ouvir, analisar e buscar na palavra, como os bereanos em Atos 17:11).

Como veremos adiante, Pelágio era um monge, e buscava ser um cristão bíblico e fiel. ESe estudarmos as heresias da históricas, veremos pessoas munidas de boas intenções e uma forte fé.


- O Sinergismo
Ensina que o homem tem algum grau de participação na salvação, ou seja, é responsável pela sua salvação ou perdição.

Os pais da igreja grega dos primeiros séculos do cristianismo e muitos dos teólogos católicos medievais eram sinergistas. Inclusive Philip Melanchthon, companheiro de Lutero na reforma alemã, era sinergista, embora o próprio Lutero não fosse.
Se observarmos o sinergismo tem uma forte influencia no luteranismo, pois Melanchthon liderou a igreja, após a morte de Lutero.

Os pensadores cristãos de diversas épocas desenvolveram diferentes formas de sinergismo, tais como o pelagianismo, o semipelagianismo e o sinergismo arminiano, entre outros. Mas neste estudo, vamos abordar apenas os três citados.


- O Pelagianismo:
É uma teoria teológica cristã, atribuída a Pelágio da Bretanha, um monge britânico que surgiu em Roma, por volta do ano 400 d.C., para refutar as doutrinas ensinadas de Agostinho.

A doutrina sustenta basicamente que todo homem é totalmente responsável pela sua própria salvação, portanto não necessita da graça divina, ou seja, nega a existência do pecado original de Adão.

Segundo os pelagianos, todo homem nasce "moralmente neutro", ou seja, sem pecado, capaz de se salvar, por si mesmo, sem qualquer influência divina através de boas obras ou bom comportamento – Pelágio era monge, ou seja, um teólogo.

Pelágio havia debatido ferozmente com Agostinho sobre este assunto.
Agostinho mantinha que o pecado original de Adão foi herdado por toda a humanidade e que, mesmo que o homem caído retenha a habilidade para escolher (livre arbítrio), ele está escravizado ao pecado e não pode não pecar ou deixar de pecar.



Salmos 51:5
Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe.

Segundo Pelágio, Deus exige que o ser humano viva de forma correta, portanto ELe (Deus) também deve fornecer a habilidade moral necessária, para tal. Ele continua, dizendo que: Adão foi um "um mau exemplo",e o papel de Jesus é de um "um bom exemplo fixo" para o resto da humanidade (contrariando assim o mau exemplo de Adão).
Posteriormente Pelágio reivindicou que a graça divina era desnecessária para a salvação, embora facilitasse a obediência.

O Pelagianismo foi condenado oficialmente pela Igreja antiga nos concílios de Cartago (418 d.C.), de Éfeso (431 d.C.) e finalmente no Concílio de Orange II (529 d.C.).

O sistema de crença pelagiano, se aproxima muito com as doutrinas espiritas, pois focam no “livre arbítrio”, boas obras e evolução constante do nosso eu.

Gálatas 2:16
sabemos que o ninguém é justificado pela prática da lei, mas mediante a fé em Jesus Cristo. Assim, nós também cremos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pela prática da lei, porque pela prática da lei ninguém será justificado.


- O Semipelagianismo:
Teoria teológica derivada do pelagianismo, que trata principalmente sobre a salvação.
Ela ensina que o ser humano é salvo exclusivamente por Deus mediante a graça, mas que a salvação partiria somente da inciativa da boa vontade no coração do homem para com Deus.

Imaginem uma criança se esticando para alcançar uma fruta que está em cima da mesa.
Ela não consegue pegar, devido a sua baixa estatura; o pai observa a cena de longe, se aproxima e pega a criança no colo e a ergue, para que a própria criança pegue a maçã. 

De forma alegórica, essa é a alma do semipelagianismo. O homem precisa dar o primeiro passo em direção a Deus e então Deus irá completar o processo da salvação.

Concluindo, o semipelagianismo é o meio termo entre a heresia de Pelágio e a graça de Agostinho.

A controvérsia semipelagiana terminou no ano de 529 quando houve uma reunião de bispos ocidentais, conhecida como Sínodo de Orange.


Sei que fiz essa citação, a dois domingos atrás, mas quero usá-la novamente, por ser muito oportuna.
Graça, por definição, exclui o menor indício de que o mérito é humano. Contribui para a nossa posição de justos diante do mais santo e perfeito Criador, e a fé, que admite a nossa incapacidade de ajudar a nós mesmos e descansa totalmente em,um outro, para a salvação, confirma que nossas obras não têm poder para expiar nossas maldades.     

R. C. Sproul (teólogo presbiteriano – Americano).

Atos 13:48
Ouvindo isso, os gentios alegraram-se e bendisseram a palavra do Senhor; e creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna.


- Arminianismo:
O termo arminianismo é usado para definir aqueles que afirmam as crenças originadas por JacobusArminius, porém o termo também pode ser entendido de forma mais ampla para um agrupamento maior de ideias, incluindo as de Hugo Grotius, John Wesley e outros.

Há duas perspectivas principais sobre como o sistema pode ser aplicado corretamente: arminianismo clássico, que vê em Arminius o seu representante; e arminianismo wesleyano, que vê em John Wesley o seu representante. O arminianismo wesleyano é por vezes sinônimo de metodismo.

Nós vamos trabalhar o arminianismo clássico neste tópico.

O arminianismo é muitas vezes mal interpretado por alguns dos seus críticos que o comparam com o semipelagianismo ou no pelagianismo. Nada mais longe da verdade.

Dentro do vasto campo da história da teologia cristã, o arminianismo está intimamente relacionado com o calvinismo, sendo que os dois sistemas compartilham a mesma história e muitas doutrinas. No entanto, eles são frequentemente vistos como rivais dentro do evangelicalismo, por causa de suas divergências sobre os detalhes da doutrina da predestinação e da salvação.

…Mas em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de por si mesmo, pensar, desejar, ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito participante desta regeneração ou renovação, eu considero que, visto que ele está liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer aquilo que é bom, todavia não sem a ajuda contínua da Graça Divina.

JacobusArminius (1560 – 1609)
Arminius e seus seguidores se revoltaram contra o calvinismo no início do século XVII.
Fazendo o contraponto com o calvinismo.
Em seu contexto histórico, muitos calvinistas adotaram atitudes excessivas que nunca foram pregadas por Calvino. Portanto é importante frisar que a luta de Arminius não foi contra Calvino, mas contra o hipercalvinismo, embora logicamente, algumas doutrinas das doutrinas da graça foram refutadas.

Nessa época os hipercalvinistas já não pregavam, uma vez que os eleitos seriam trazidos por Deus, pela sua soberania, tinham pouca ou nenhuma piedade com os pecadores, uma vez que já estavam condenados. Eram também radicais na disciplina e alguns mostravam pouco zelo com a palavra, uma vez que eram salvos pela graça.

Infelizmente vemos muitos hipercalvinistas, principalmente na internet. 
Abro um novo, parênteses, usando um trecho de um artigo muito interessante, sobre esse erro teológico.

Spurgeon versus Hipercalvinismo
David J. Engelsma (Pr. Americano)

O hipercalvinismo, um erro relativamente raro na história. É um ensino que exagera tanto e distorce tanto um aspecto importante do calvinismo que acaba desfigurando o todo. Visto que o pecador não-regenerado é, em virtude de sua depravação total, incapaz de se arrepender e crer, ele não pode ser exortado a se arrepender e crer.

Por outro lado, assim eles argumentam, convidar o pecador não-regenerado a crer seria implicar na sua capacidade natural para fazê-lo, contradizendo assim o testemunho bíblico sobre a condição natural do pecador, a saber, de morte espiritual.

O motivo de Spurgeon se opor ao hipercalvinismo também era correto. O hipercalvinismo, recusando chamar a todos os que ouvem, debilita seriamente a atividade missionária da igreja.
 Assim, contrário às suas próprias intenções, ele coloca um obstáculo no caminho da reunião que Cristo faz dos seus eleitos dentre as nações.

3)    Diferenças entre Arminianismo e Calvinismo;

1)    LIVRE-ARBÍTRIO
Arminius acreditava que a queda do homem não foi total, e sustentou que, no homem, restou bem suficientemente capaz de habilitá-lo a querer aceitar Cristo como Salvador (sinergismo).

O calvinismo responde que o homem não regenerado é absolutamente escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo.

2)    ELEIÇÃO CONDICIONAL x INCONDICIONAL
Arminius sustentava que a ‘eleição’ é condicional, enquanto os reformadores sustentavam que ela é incondicional. Os arminianos acreditam que Deus elegeu àqueles a quem ‘pré-conheceu’, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição estabelecida pelo homem.

Já os calvinistas sustentam que o pré-conhecimento de Deus está baseado na soberania de Deus, de modo que a eleição não está baseada em alguma condição imaginária inventada pelo homem, mas resulta da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé do homem espiritualmente morto.

3)    EXPIAÇÃO UNIVERSAL x EXPIAÇÃO LIMITADA
A convicção de Arminius é que Deus ama a todos, e que Cristo morreu por todos. Portanto o Pai não quer que ninguém se perca, ele e seus seguidores sustentam que a redenção é geral.

Em outras palavras: A morte de Cristo oferece a Deus base para salvar a todos os homens.Contudo, cada homem deve exercer sua livre vontade para aceitar a Cristo.

Para o calvinismo, Cristo morreu para salvar pessoas determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade. Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida, porque todos aqueles pelos quais ele não morreu receberão a “justiça” de Deus, quando forem lançados no inferno


4)    A GRAÇA PODE SER IMPEDIDA
O arminiano crê, que uma vez que Deus quer que todos os homens sejam salvos, ele envia seu Santo Espírito para atrair todos os homens a Cristo.
Mas o homem goza de vontade livre absoluta, portanto ele pode resistir à vontade de Deus em relação a sua própria vida.

Ainda que o arminiano creia que Deus é onipotente, a doutrina insiste em que a vontade de Deus, em salvar a todos os homens, pode ser frustrada pela finita vontade do homem como indivíduo.

Os calvinistas respondem que a graça de Deus não pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível.

A graça irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas no momento em que Deus age nos eleitos, a polaridade espiritual deles é mudada: Antes estavam mortos em delitos e pecados, e orientados para Satanás; agora são vivificados em Cristo, e orientados para Deus.


5)    O HOMEM PODE CAIR DA GRAÇA
Os arminianos concluem, muito logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o.
Alguns acrescentariam que o homem pode perdersua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a teologia arminiana é uma teologia de obras, no que se refereao ao exercício da salvação.

Perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de “queda (ou perda) da graça”.
Ainda, se depois de ter sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode tornar-se livremente a Cristo outra vez e, arrependendo-se de seus pecados, “pode ser salva de novo”. Tudo depende de sua contínua volição positiva até à morte!

No calvinismo é sustentado que a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor. Os eleitos ‘perseverarão’ pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou.


Conclusão
A vontade de Deus sempre irá prevalecer, portanto ELe, sempre levantará homens fieis, para lembrar os povos sobre as doces verdades do evangelho e que a salvação não é nossa mas a pertence ao Senhor, para a sua glória.

Vimos que toda a heresia nasce nos seminários, entre os estudiosos, que cheios de boa intenção lançam atalhos mentirosos para a salvação e a justificação de nossos pecados.

Entendemos também, que mesmo não concordando com o arminianismo, somos irmãos em Cristo. E que esta doutrina, talvez seja um mal necessário, para combater os maus calvinistas.

Quero ler um comentário de J. C. Ryle (Bispo Anglicano que viveu na Inglaterra no século 19), sobre John Wesley (fundador do metodismo), talvez o maior arminiano de todos os tempos.

Eu creio que meu esboço sobre Wesley seria incompleto se não mencionasse a objeção continuamente feita contra ele, de que era um arminiano na doutrina. Eu admito plenamente a seriedade da objeção. Não tenciono atenuar ou defender suas objetáveis opiniões. Eu, pessoalmente, não consigo explicar como um crente bem instruído pode sustentar doutrinas tais como a perfeição e deficiência da graça, ou negar doutrinas tais como a eleição e a imputação da justiça de Cristo.

Mas, apesar de tudo, devemos estar alertas para não condenar as pessoas tão fortemente por não verem todas as coisas conforme nosso ponto de vista, ou excomungar e amaldiçoar porrque não leem na nossa cartilha.

Tu, porem, por que julgas a teu irmão? E tu, por que desprezas? Nós precisamos pensar. Precisamos aprender a distinguir as coisas que constituem a essência do evangelho e coisas que dizem respeito ao aperfeiçoamento do evangelho.

Nós podemos achar que um homem prega um evangelho imperfeito ao negar a eleição, ao considerar a justificação como sendo nada mais do que perdão e ao dizer aos crentes em uma mensagem que eles podem atingir a perfeição na vida, e dizer em outra que podem cair inteiramente da graça. Mas, se o mesmo, homem forte e ousadamente, expõe e denuncia o pecado, clara e plenamente enfatiza a Cristo, distinta e abertamente convida homens a crerem e a se arrependerem, ousaremos nós dizer que este homem não prega o evangelho de modo nenhum? Ousaremos dizer que tal homem não produzirá bem algum?

Eu da minha parte, não posso dizer assim, de modo algum. Se me perguntarem se eu prefiro o envangelho de Whitefield: eu sou calvinista e não um arminiano.
Mas, se me pedirem para ir além, e dizer que Wesley de modo algum pregava o evangelho e de nenhum beneficio trouxe, de imediato direi que não posso fazer isso.
Que Wesley teria feito melhor se tivesse podido desvencilhar-se do seu arminianismo, eu não tenho a menos dúvida; mas que ele pregou o evangelho, honrou a Cristo e fez imenso bem, eu não duvido mais do que posso duvidar da minha própria existência.

Finalizo esse estudo com um trecho de um sermão, pregado por Wesley, feito no funeral de George Whitefield (pregador inglês calvinista que atravessou o atlântico 12 vezes, para pregar nos EUA).

            Não há poder algum no homem para utilizar qualquer boa obra, falar qualquer palavra boa, ou manifestar qualquer bom desejo, até que do alto lhe seja dado.

Portanto, não é suficiente dizer que todo homem esta apenas doente por causa do pecado; não, nós estamos mortos em delitos e pecados.

Pois, quem pode tirar alguma coisa pura de algo impuro?
Ninguém, exceto o Todo-Poderoso.

Quem pode levantar aqueles que estão espiritualmente mortos no pecado?
Ninguém, a não ser aquele nos levantou do pó da terra.

Mas em que consideração ELe, faz isso?
Não por causa das obras de justiça que tenhamos feitos. Os mortos não podem te louvar, ó Senhor, nem podem fazer qualquer coisa através da qual venham a adquirir vida.
Qualquer coisa que Deus fala, ele o faz exclusivamente por amor ao seu amado Filho.

Ele foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades. ELemesmo carregou em seu corpoo madeiro, com os nossos pecados. Ele foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.

Aí esta a única causa meritória de toda a benção que possamos desfrutar ou desfrutamos e, em particular, de nosso perdão e aceitação por Deus, da nossa total e gratuita justificação. Mas, por meio de que nos tornamos interessados no que Cristo fez e sofreu? Não por obras, para que ninguém se glorie, mas pela fé somente.

Nisto devemos insistir com toda ousadia, em todo tempo, em todos os lugares, em publico e em privado. Apeguemo-nos a estas antigas e imutáveis doutrinas, por maior que seja o número daqueles que as contradizem e delas blasfemem.


Que essa seja a nossa pregação seja: o novo nascimento, pois é desta que recebemos a nossa tão amada e glorificada justificação.

João 3:3
Em resposta, Jesus declarou: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo".