sexta-feira, 11 de junho de 2010

Igreja reformada sempre se reformando

A Reforma Protestante do Século XVI não foi uma inovação, mas uma volta às origens. A igreja havia se desviado da verdade e perdido o cristianismo puro e simples. Os dogmas papais haviam substituído a infalível Palavra de Deus. As heresias tomaram o lugar da verdade e a apostasia tomou conta da igreja. A Reforma, então, foi um movimento de retorno à Palavra de Deus e um resgate do evangelho pregado pelos apóstolos. Depois do Pentecoste não houve nenhum fato mais marcante na história da igreja do que a Reforma. Ela trouxe cinco ênfases:

1. Só a Escritura – A Bíblia não é apenas uma fonte da revelação de Deus ao homem, mas a única regra de fé e prática. As tradições humanas, os dogmas da igreja, as decisões dos concílios, bem como todo pensamento humano precisam passar pelo crivo da Palavra de Deus. Ela é a única autoridade da vontade revelada de Deus para o homem. Não são as experiências que julgam a bíblia, mas a Bíblia que julga as experiências. A igreja não está acima da Palavra, mas é governada por ela.

2. Só a Fé – A justificação é somente pela fé, independente das obras da lei. A base da salvação não é o esforço humano, mas o sacrifício substitutivo de Cristo na cruz. Recebemos a salvação oferecida por Deus pela fé e não como resultado das nossas obras. As obras são conseqüência da salvação e não a sua causa.

3. Só a Graça – A graça é um dom imerecido de Deus. Fomos escolhidos por Deus para a salvação não por causa dos nossos méritos, obras ou religiosidade, visto que éramos inimigos de Deus, estávamos cativos do diabo, do mundo e da carne. Estávamos cegos, perdidos e mortos nos nossos delitos e pecados. Mas, a despeito da nossa terrível condição, Deus nos amou e graciosamente nos salvou.

4. Só Cristo – A Reforma restabeleceu a verdade incontroversa de que existe um único mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. Ele é o único Salvador e Senhor e não há salvação em nenhum outro nome. Jesus é o caminho para Deus. Ele é a porta do céu. Ele é o pão da vida, a fonte da água viva. O acesso a Deus não é por meio de Maria ou Pedro, nem mesmo por meio dos santos, mas, somente por meio de Jesus.

5. Só a Deus toda a glória – Deus não reparte a sua glória com ninguém. Ele e não o homem é o centro e a medida de todas as coisas. Dele, por meio dele e para ele são todas as coisas. Não é Deus quem vive para a glória do homem, mas é o homem que deve viver para a glória de Deus. Deus e não o homem é o centro do universo.

Mas a Reforma continua. A igreja reformada sempre deve se reformar. Em que sentido? Sempre que a igreja se desvia da verdade, ela precisa parar e confrontar sua teologia e sua vida à luz das Escrituras e voltar ao seu primeiro amor. Muitas vezes, ao longo da história, a igreja desviou-se das antigas veredas. Após a Reforma, no afã de defender a ortodoxia, a igreja tornou-se árida. Ortodoxia sem piedade produz racionalismo. A reação à frieza espiritual foi o Pietismo, que partiu para o outro extremo: buscou a piedade sem a ortodoxia. Piedade sem ortodoxia produz misticismo. Hoje, estamos precisando de uma nova reforma. Algumas igrejas estão descambando para o liberalismo teológico negando os postulados essenciais da fé. Outras, estão se desviando para o misticismo sincrético, importando novidades estranhas à Palavra de Deus, abraçando um outro evangelho e não o evangelho da graça. Há aquelas igrejas que caíram na sedução do pragmatismo, que estão buscando sucesso e resultado a qualquer custo. Trocaram a mensagem da cruz pela pregação da prosperidade e da cura. Estão mais fascinadas pela riqueza do que pela glória de Deus. Há ainda outras igrejas, que, embora, fiéis na doutrina estão vivendo sem piedade. Possuem uma ortodoxia morta. A crise na teologia desemboca na crise da ética. A igreja evangélica cresce em número, mas não em santidade. As pessoas correm aos borbotões para os templos evangélicos, mas suas vidas não são efetivamente transformadas. Na mesma medida em que a igreja evangélica cresce em nossa nação, cresce também a corrupção. Deixamos de ser sal e luz. Em vez de a igreja abalar o mundo, é o mundo que está abalando a igreja. Em vez de a igreja entrar no mundo para resgatar os que perecem, é o mundo que está entrando na igreja e influenciando os crentes. Ó que Deus tenha misericórdia de nós. Estamos precisando, e urgente, de uma nova reforma!

Rev. Hernandes Dias Lopes.