domingo, 19 de maio de 2013

SERMÃO DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO “SERMÃO DO MONTE”

 

Referencia: Mateus
Título: SERMÃO DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO “SERMÃO DO MONTE”
Pregado na manhã de domingo, do dia 19 de Maio de 2013,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Ricardo Marcondes

 

O intuito do sermão de hoje, é fazer um introdução ao “sermão do monte”, na qual se Deus nos permitir iremos estudar com mais profundidade do decorrer dos dias .

Para que isso ocorra , hoje vamos meditar nas sagradas escrituras em: 1Jo 1.5-10 e 1Jo 2.1-6 .

O desejo de pregar sobre esse tema , se deu pelo interesse de abordar o “caráter cristão” , no qual atualmente é muito difícil fazer uma clara distinção entre cristãos e ímpios .

E nada melhor do que o sermão do monte para nos orientar de como deve agir e viver um cristão em sua peregrinação aqui nesse breve mundo passageiro .

E assim disse o apostolo João em sua carta :

Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês: Deus é luz; nele não há treva alguma. Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andamos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua palavra não está em nós. Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo. Sabemos que o conhecemos, se obedecemos aos seus mandamentos. Aquele que diz: "Eu o conheço", mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. Mas, se alguém obedece à sua palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos nele:

“aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou.”

(1Jo 1.5-10) e (1Jo 2.1-6)

O nosso Senhor morreu para nos capacitar-nos a viver uma vida santa e de retidão para o louvor de Sua gloria . Ele morreu ... mas com qual finalidade ? ... a fim de remir-nos de toda iniquidade , e purificar para si mesmo um povo exclusivamente seu , zeloso em boas obras” Tito 2.14 .

O que a igreja necessita, não é organização de campanhas de evangelização para atrair pessoas que estão do lado de fora, mas ela mesma , a viver uma vida cristã .

Permita-me reforçar esse ponto citando algo que o Dr. Martyn Lloyd Jones , citou em um dos seus exemplares: “Um ex-ministro da Justiça do governo indiano foi um homem notável , de nome Dr.Ambedkar, ele mesmo um pária e líder da casta dos párias da Índia . Na época sobre qual estou falando, ele andava profundamente interessado pelos ensinamentos do budismo, e fizera-se presente a uma grande conferência , à qual haviam atendido representantes de vinte e sete países , que se tinham reunido para inaugurar uma associação mundial de budistas , com sede em Ceilão. A principal razão por ele oferecida para fazer-se presente a conferência é que ele desejava descobrir até que ponto a religião de Buda era algo vivo . Declarou ele , durante a conferência : estou aqui a fim de descobrir a extensão do dinamismo da religião budista , no que concerne aos habitantes deste país. Ali estava o líder da casta dos párias , voltando-se para o budismo a fim de examina-lo . E declarou :“Quero descobrir se o budismo é algo vivo . Tem algo para dar ás massas de meus correligionários párias? O budismo é dinâmico? É capaz de nobilitar as pessoas?”A real tragédia que envolvia aquele homem tão hábil e erudito é que ele estivera muito tempo nos Estados Unidos da América e na Grã Bretanha estudando o cristianismo . E, por haver descoberto que o cristianismo não parece uma realidade viva , devido a ausência de dinamismo na mesma , agora voltava-se para o budismo. Embora ele mesmo ele mesmo não se tivesse tornado budista , contudo procurava descobrir se ali estava o poder que tanto almejava . Esse é o desafio que esta sendo feito a mim e a você . Sabemos que o budismo não é a resposta . Afirmamos crer que o Filho de Deus veio a este mundo , que Ele enviou o Seu próprio Espírito Santo para viver em nós , que Ele nos tem conferido de Seu próprio poder absoluto para que em nós habite e para que nos transforme , a fim de que possamos adquirir para nossa vida qualidades semelhantes as de Cristo.

A DIFERENÇA ENTRE O CRENTE E O INCRÉDULO

Meditemos agora sobre o princípio seguinte; a diferença entre o crente e o incrédulo . E isso é o que deveria realmente ocupar-nos a atenção; o novo testamento encara essa distinção como algo absolutamente básico, fundamental; e , conforme eu vejo as coisas no presente , a primeira necessidade da igreja é vir a compreender claramente essa diferença essencial. Tais distinções têm sido nubladas; o mundo tem entrado na igreja e a igreja se tem mundanizado. A linha divisória não é mais tão distinta como costumava ser. Tem havido períodos em que esta distinção se tem mostrado inequívoca, e esses períodos sempre foram as grandes épocas da história da igreja. Entretanto, sabemos quais argumentos tem sido usados contra a citada distinção. Dizem-nos que precisamos tornar a igreja mais atrativa para quem esta do lado de fora e a ideia é que nos devemos tornar o mais parecidos possível com quem esta do lado de fora .

Gostaria de ilustrar esse comentário com um fato ocorrido na primeira guerra mundial:

“Na guerra haviam certos “padres” populares , que se misturavam com as pessoas, fumavam na companhia delas e faziam isso ou aquilo, a fim de encoraja-las. Certos líderes religiosos imaginavam que desse modo, terminada a guerra, os ex-combatentes haveriam de começar a frequentar as igrejas em grande número. Mas terminada a guerra não foi isso que aconteceu, pois as no evangelho jamais aconteceram dessa maneira. A glória do evangelho, bem pelo contrario , consiste em que quando a igreja é absolutamente diferente do mundo, inevitavelmente ela atrai as pessoas. É somente então que este mundo começa a dar ouvidos à mensagem cristã, embora possa odiá-la a princípio. Ora, isso também precisa ocorrer conosco como indivíduos. Não deveríamos ambicionar ser o mais parecido possível com todo o mundo, embora continuássemos sendo crentes; pelo contrário, deveríamos ambicionar ser o mais diferente possível daqueles que não são crentes.

NOSSSA AMBIÇÃO DEVERIA SER ASSEMELHARMOS A CRISTO, E QUANTO MAIS MELHOR!

Olhemos para esta situação com mais detalhes. O crente e o incrédulo são totalmente diferentes quanto aquilo que admiram. O crente admiram quem é humilde de espírito , ao passo que os filósofos gregos desprezavam a humildade; e todos quantos seguem a filosofia grega, intelectualmente ou na prática, continuam exibindo aquela mesma atitude. O mundo diz do verdadeiro crente que ele é um fraco, um simulacro de homem, ou que ele não é viril. Essas são expressões típicas do mundo, pois os homens mundanos acreditam na autoconfiança, na auto expressão e no ser dono do próprio nariz, mas o crente acredita em ser humilde de espírito. Olhe para o mundo , e veja o que atrai o homem mundano.

O que atrai a admiração do indivíduo mundano é a antítese do que atrai o verdadeiro crente. O homem natural aprecia certa dose de jactância, de auto exaltação e ponto que a bíblia condena tais atitudes.

Além disso, como é óbvio deve haver diferenças no tocante àquilo que o crente e o incrédulo buscam. “Bem aventurados os que tem fome e sede....” do quê ? riquezas, dinheiro, de posição social, de fama? DE MODO ALGUM! Mas bem aventurados os que tem fome e sede de justiça! Ora e essa justiça consiste em nos encontrarmos em boas relações com Deus.

Ora, considere um individuo qualquer que não seja cristão, e pergunte a ele quais são os seus desejos, quais são seus ideias, e verás que suas buscas nada tem haver com as coisas de Deus.

Isso é algo lógico, cada individuo vive de acordo com suas crenças.

O incrédulo sempre se mostra coerente com sua própria atitude, isto é, ele vive para este mundo , normalmente o incrédulo pensa: “este é o único mundo que existe, e quero aproveitar esse mundo ao máximo” .

Já o crente começa dizendo que não vive para esse mundo , compartilhando o que disse Paulo em Fp 3.8 : “Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo”.

E por isso, considera este mundo apenas uma porta de entrada para algo que é muito mais vasto, para algo que é eterno e glorioso. Toda sua perspectiva e ambição se difere da do incrédulo. E assim como o indivíduo mundano é coerente consigo mesmo,assim também o crente deve ser coerente com sua posição de crente. E é por isso que nosso Senhor disse em 1Jo 2.4 : Aquele que diz: "Eu o conheço", mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele.

O apostolo Pedro expressa muito bem esse pensamento em 1Pe 2.9 , ao asseverar que cremos que somos um povo chamado “ das trevas para maravilhosa luz” e prossegue dizendo :

“Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, vocês se abstenham dos desejos carnais que guerreiam contra a alma. Vivam entre os pagãos de maneira exemplar para que, naquilo em que eles os acusam de praticarem o mal, observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.” (1Pe 2.11-12). Amados, essa exortação nada significa senão um apelo ao bom senso lógico dos crentes.

Mas alguém pode dizer:

- Mas irmão você esta nos propondo salvação por obras? Não de forma alguma! Mas talvez o Catecismo de Heidelberg , Pergunta 86 consiga elucidar esse ponto pra nós.

Visto que fomos libertados de nossa miséria, por Cristo, sem mérito algum de nossa parte, somente pela graça, por que ainda devemos fazer boas obras?

R: Primeiro, porque Cristo não somente nos comprou e libertou com seu sangue, mas também nos renova à sua imagem, por seu Espirito Santo, para que mostremos, com toda a nossa vida, que somos gratos a Deus por seus benefícios e para que ele seja louvado por nós.

Segundo; para que, pelos frutos da fé, tenhamos a certeza de que nossa fé é verdadeira e para que ganhemos nosso próximo para Cristo, pela vida cristã que levamos.

Louvado seja Deus em nossas vidas!

Amém.